
Testosterona, o hormônio que fez e faz o homem que você é
A testosterona tem uma fama ruim por causa dos inúmeros casos de doping de atletas, nas olimpíadas por exemplo. Mas se não fosse por ela, todos os meninos nasceriam com genitais femininos ao invés de uma bolsa escrotal. A testosterona é um hormônio chave para muitas funções benéficas no organismo. Nos homens, ela é importante para o desenvolvimento e tônus muscular, produção de espermatozóides, redução de gorduras, bom humor… No meu trabalho, eu trato muitos homens com diversas queixas como: cansaço crônico, perda de libido (falta de desejo sexual), diminuição da potência sexual, depressão, ansiedade, perda de força muscular, osteoporose e que apresentam testosterona baixa quando testada. A reposição hormonal, nestes homens, pode melhorar estes sintomas, restabelece a motivação, a função sexual…
No sexo masculino, a testosterona é majoritariamente produzida nos testículos, entretanto, uma pequena quantidade é secretada também pelas glândulas supra-renais (órgão localizado acima dos rins, dentro do abdômen). Tanto nos homens quanto nas mulheres, a testosterona tem um papel de destaque na diferenciação sexual, na saúde reprodutiva e no bem estar geral (basicamente, os homens produzem cerca de 6x mais testosterona que as mulheres).
A trapaça
A testosterona promove um anabolismo (metabolismo de crescimento), favorecendo a produção de proteínas, ganho de massa muscular, de células vermelhas do sangue, aumentando a capacidade de transportar oxigênio e a performance atlética… Todos efeitos benéficos em níveis normais. Entretanto, as manchetes do uso não médico da testosterona e de outros anabolizantes (inclusive os de uso veterinário) fizeram a testosterona ter uma má fama.
Existe um ciclo que controla e estimula a produção da testosterona. Neste ciclo, basicamente, duas áreas no cérebro exercem este controle sobre os testículos(regulando a produção de vários hormônios). Aqui, vale destacar que quando um “atleta” (ou falso atleta) se injeta esteróides anabolizantes, ele descontrola todo este mecanismo. Estes hormônios sintéticos fazem uma ação de inibição no cérebro, resultando na parada de estímulo para a produção de testosterona pelos testículos. Além disso, também diminuem ou até fazem cessar completamente a produção de espermatozóides (não é a toa que a testosterona em altas doses é a medicação encontrada na chamada pílula anticoncepcional masculina). Finalmente, o uso indiscriminado de esteróides anabolizantes resulta em atrofia dos testículos (diminuição da função e do volume testicular, eles ficam pequenos mesmo, os próprios pacientes usuários comentam). Dependendo de pessoa para pessoa, este efeito de atrofia pode perdurar por tempo indeterminado.
Realmente, os testículos não são órgãos essenciais para a vida de um indivíduo, o homem até consegue sobreviver sem eles, e pelo jeito, existe muito jovem desinformado, que freqüentam academias, e parece que concordam que os testículos não são tão importantes assim. Prioridades? Ou desinformação. Lamentável, é o fato, que só depois das seqüelas, muitos destes homens me procuram no ambulatório de andrologia para investigar e tratar infertilidade. Este assunto e os seus riscos serão abordados, mais detalhadamente, em futuros posts.
O que é um esteróide? Todos os esteróides são uma ameaça à saúde?
A testosterona, o estrogênio, o cortisol e até mesmo o colesterol são esteróides naturalmente presentes em nossos corpos. Os andrógenos (hormônios esteróides masculinos) são produzidos a partir do colesterol (é isso aí o colesterol é essencial para o bem-estar, porém na medida certa).
A testosterona afeta direta ou indiretamente todos os sistemas do corpo humano, seja no período fetal na gestação, no início da puberdade, na vida adulta ou na velhice.
Para um bebê virar menino, não adianta só possuir o cromossomo Y masculino (carga genética). Para formar os órgãos masculinos, os testículos têm que funcionar desde cedo (é isso aí, até a sexta semana de vida, todos nós, homens e mulheres, somos iguais, nossos órgãos têm o potencial de se diferenciarem em órgãos masculinos ou femininos). Durante a infância, a testosterona baixa e na puberdade, um novo aumento precede a adolescência e determina o aparecimento das características masculinas secundárias (distribuição de pêlos, crescimento do pênis…).
Novas evidências demonstram:
1 - que homens com níveis normais de testosterona vivem mais e apresentam menor risco de diabetes e doenças cardiovasculares.
2 – ao contrário do que se acreditava até recentemente, a testosterona não causa câncer de próstata e aparentemente, homens com baixa testosterona tem maior risco de apresentar câncer de próstata mais agressivo.
3 - também ao contrário do que se falava, a testosterona não causa um comportamento mais agressivo, mesmo em homens tratados com doses elevadas de testosterona. De fato, estudos demonstram que homens com baixa Testosterona são mais facilmente irritáveis e/ou deprimidos, sintomas que podem ser melhorados com reposição de testosterona.
4 – que, na média, homens calvos têm a mesma quantidade de testosterona que os demais homens. Como já apresentamos semana passada, a calvície é hereditária e não tem a ver com níveis altos de testosterona.
Postado por Flavio Lobo Heldwein, Florianópolis/SC