O uso recreativo da maconha (substância química = delta-9-tetrahidrocannabinol) é bastante comum, e muitas pessoas consideram uma droga recreativa ou religiosa que traz poucos prejuízos a saúde.
Porém , em um consultório de andrologia é relativamente comum a queixa de infertilidade masculina (prejuízo na formação de espermatozóides) e de disfunção erétil (impotência) em usuários de maconha.
Muita gente não sabe, mas o testículo é o local mais freqüentemente comprometido por tumores malignos em homens com menos de 35 anos.
Até recentemente, já se sabia que a maconha alterava o sistema reprodutivo e hormonal masculino, porém, agora, foi evidenciado que o uso de maconha é fator de risco para aparecimento de câncer de testículo, principalmente se o uso começou antes dos 18 anos (aumenta o risco em 130%), e em usuários semanais ou diários (aumenta 2 x o risco).
Também foi associado o aparecimento deste tipo de câncer em filhos de mães que fumaram durante a gravidez.
A maioria dos problemas que fazem a bolsa escrotal aumentar de volume são doenças benignas. Entretanto, alguns problemas necessitam de tratamento imediato com menos de 4 horas de evolução de preferência.
Mesmo a maioria dos problemas sendo benigno, o câncer de testículo pode ser diagnosticado como um auto-exame comum. Basta apalpar os testículo 1 vez por mês e se notar algum nódulo endurecido procure um especialista para avaliação.
DOENçAS BENIGNAS
Torção do testículo – ESCROTO AGUDO
ATENçÃO
A torção do testículo é uma emergência urológica. Acontece quando o testículo gira o cordão por onde passam veias e artérias. O resultado é que o sangue não chega mais no testículo. É fácil de imaginar que isso dá uma dor muito forte e a dor costuma aparecer de uma hora para outra.
NÃO FIQUEM EM CASA – O principal motivo para a perda do testículo é o atraso em procurar assistência médica. As seqüelas começam a ficar irreversíveis já com 4 horas, porém a maioria dos “machos” só procura a Emergência depois de 20 horas a 2 dias. O diagnóstico é feito com ultrassom e no exame físico (diferenciar de uma epididimite por exemplo) e o tratamento é a “distorção” e fixação do testículo, se este ainda estiver vivo.
Hidroceles e espermatoceles
Em frente a cada testículo existe uma espécie de saco que produz um líquido claro em pouca quantidade que permite uma maior mobilidade do testículo dentro da bolsa escrotal. Um dos problemas mais comuns que podem acometer a bolsa escrotal é a Hidrocele. A hidrocele acontece quando por algum motivo a absorção deste líquido é prejudicada e acontece um acúmulo deste líquido dentro desta bolsa.
Quando pequenas e não causam nenhum problema estético podem ser somente acompanhadas. Geralmente demoram meses a anos para crescer e algumas chegam a conter quase um litro de líquido dentro, fazendo com que a bolsa escrotal chegue até a metade da coxa em alguns casos. O tratamento das hidroceles grandes é cirúrgico.
Problema parecido acontece quando uma parte do epidídimo (local onde os espermatozóides são armazenadas e amadurecidos depois que saem dos testículos) obstrui e forma um cisto (CISTO benigno = “bolha” cheia de líquido dentro) esta é a cuasa da espermatocele. A diferença para a hidrocele é que neste líquido é possível encontrar espermatozóides mortos. Devem ser operados, somente se trazem algum problema como sensação de peso ou estético.
Varicocele
A varicocele pode ser facilmente reconhecida, muitas vezes somente olhando já é possível fazer o disgnóstico. Geralmente ocorre acima do testículo esquerdo e parece um novelo de lá abaixo da pele. São veias varicosas, semelhantes as que ocorrem nas pernas. Podem causar dor, desconforto e infertilidade. A varicocele é a principal causa de infertilidade masculina e pode ser corrigida com técnica micro-cirúrgica de preferência.
Infecções e inflamações
Tanto os epidídimos quanto os testículos podem ser locais de infecções. As chamadas epididimites e orquites podem acontecer em qualquer idade (ex: caxumba recolhida na infância e DST – doenças sexualmente transmissíveis na idade adulta). Os sinais são dor progressiva, inchaço, calor e vermelhidão local. Deve ser feito diagnóstico diferencial com a torção do testículo e o tratamento das epididimites é feito com antibióticos específicos.
Postado por Flávio Lobo Heldwein, Florianópolis / SC
Em qualquer faixa etária, dos 20 aos 80 anos, cerca de 10% dos homens procuram assistência urológica devida a dores, fisgadas e desconfortos na região púbica, peniana, testicular, escrotal, retal e perineal (entre a bolsa escrotal e o ânus), bem como sintomas urinários e ejaculatórios.
Muitos homens temem que tais sintomas possam ser sinal de uma doença mais grave, por exemplo um câncer de próstata e o simples fato de serem investigados, orientados e terem suas dúvidas esclarecidas já é o suficiente para obterem um “alívio” parcial dos sintomas.
O certo é que estes sintomas são muito mais freqüentes em doenças benignas como aumento da próstata e “inflamações” do que sintomas relacionados a tumores. Porém, mesmo sendo doenças benignas, o impacto negativo que causam na qualidade de vida destes pacientes e seus familiares é tão grande quanto restrições causadas por infartos do coração. A necessidade de estar perto de banheiros, o acordar várias vezes a noite, a urgência para urinar, perturbam também a qualidade de sono da companheira e aumentando o risco destes senhores a quedas e fraturas.
Já vimos que o PSA (exame de sangue da próstata) pode estar alterado por vários motivos (vide texto anexo). Uma destas razões podem ser as prostatites.
Inflamação versus Infecção da próstata
Há poucas décadas atrás, o termo “prostatite” era muito relacionado com doenças infecciosas, transmissíveis sexualmente, como uretrites (infecção do canal da uretra) gonorréia e por clamídias.
Hoje, a palavra “prostatite” refere muito mais a uma Síndrome dolorosa pélvica crônica onde a presença de infecção ou de uma inflamação na próstata não é uma certeza. Portanto, outras causas seriam responsáveis por tais sintomas e muitas vezes, apesar de investigação apropriada, acaba-se por não se encontrar uma causa definida.
Muitas teorias têm sido investigadas e propostas por estudos recentes. Porém, a ou as causas associadas ainda são desconhecidas. Até mesmo o envolvimento da inflamação prostática está sendo questionada, pois estudos de diversos autores demonstram que em apenas 30% dos casos a próstata é diagnosticada com focos de inflamação.
Outros estudos apontam como causas dos sintomas infecções, fatores neurológicos, psicológicos, resposta ao estresse, genética, disfunções androgênicas e associação com outras doenças como síndrome do intestino irritável e fibromialgia, além de traumas repetidos, como andar a cavalo e motos.
A avaliação deve ser feita por um profissional capacitado que investigue adequadamente os sintomas, julgando quando necessário a realização ou não de exames opcionais.
Existe tratamento com boa resposta?
Tratamentos são limitados devida a natureza ainda não totalmente esclarecida da Síndrome dolorosa. Porém, alguns medicamentos e fitoterápicos tem sido utilizados com certo sucesso. Também exercícios pélvicos e acupuntura foram sugeridos. Por se tratar de uma síndrome que engloba diferentes sintomas (dor, urinários e de qualidade de vida geral) uma abordagem combinada biopsicosocial terá, possivelmente melhores resultados que somente a prescrição de um remédio.
"Dicionário"
INFECçÃO = o termo infecção diz respeito a presença de um micro-organismo infectando um hospedeiro. Exemplos = pneumonia pelo vírus da gripe, intoxicação alimentar, conjuntivites bacterianas, infecção urinária (cistite por bactéria), infecção por HIV, hepatites virais...
INFLAMAÇÃO = apesar de ser frequentemente usado como sinônimo, o termo inflamação indica uma resposta de um indivíduo a uma possível “agressão” que pode ser a resposta a uma infecção, mas também pode ser uma doença auto-imune ou crônica, etc. Exemplos = bronquite crônica pelo cigarro, intolerâncias alimentares, queimaduras, cistite intersticial, tireoidites auto-imune, cirrose pelo acúmulo de gordura no fígado...
Postado por Flavio L Heldwein, Florianópolis, SC
O blog
O médico Flávio Lobo Heldwein retoma o blog sobre saúde do homem, abordando assuntos relacionados com a sexualidade, o envelhecimento masculino e a prevenção de doenças urológicas. Ele também dá dicas para uma vida saudável e responde a perguntas enviadas por internautas