É importante avisar que mesmo em países como nos Estados Unidos, onde a fiscalização me parece ser tão rigorosa ou mais que a brasileira, nem sempre os medicamentos genéricos tem a mesma eficácia que os de “marca”. Mesmo porque a venda de medicamentos genéricos pulou de 12% para cerca de 70% do faturamento de farmácias.
Além disso , nos Postos de saúde, a população, geralmente, tem medicamentos genéricos a sua disposição (quanto não estão em falta).
Em 2008, medicamentos genéricos já faturavam 2.4 bilhões de dólares somente nos Estados Unidos, comparados a 1.4 bilhões por drogas de marca.
Saúde do homem
Este post não argumenta, de forma alguma, que os medicamentos genéricos deveriam ser banidos, porém, pessoalmente, acredito que as pessoas devam ser informadas destes dados e fazerem uma opção informada quando forem comprar uma medicação genérica na farmácia. Recrimino sim, a troca de prescrições e a venda de medicamentos sem aconselhamento de um médico, mesmo porque faturando 2,4 bilhões de dólares/ano esses medicamentos deveriam trazer os mesmos benefícios que os de marca, já que não tiveram que gastar com a pesquisa e o descobrimento da medicação em questão.
Recentemente, no Congresso mais renomado em urologia, organizado pela American Urological Association (maior e mais impactante Associação de Urologistas no Mundo), 2 trabalhos demonstraram que pacientes que mudaram as medicações para controle e prevenção de problemas prostáticos de medicações de “marca” (geralmente, proveniente dos laboratórios que pesquisaram e desenvolveram estes remédios) para medicamentos genéricos, apresentaram mais efeitos colaterais e menor eficácia no controle dos sintomas.
Hiperplasia prostática benigna
Quanto ao aumento benigno da próstata que atinge cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos.
O controle dos sintomas urinários obstrutivos da próstata, foi piorado em 42% em homens que mudaram de uma medicamento para outro, afirmou o estudo do respeitado Dr. Steven A. Kaplan da Weill Cornell Medical College de Nova York.
Bexiga hiperativa
Já os pacientes com a chamada “bexiga hiperativa”, apresentaram 40% mais efeitos colaterias quando trocaram seus remádios pelo mesmo medicamento só que genérico.
O estudo do Dr Kaplan, acompanhou mais de 250 pacientes que trocaram a medicação de “marca” por uma genérica, no caso o Avodart (dutasterida) e o Proscar (finasterida de marca) pela finasterida genérica, demonstrando que o PSA (“exame de sangue da próstata”) subiu em média de 1,1 a 1,7 ng/dL/ano nestes pacientes. Um aumento que por si só, já seria uma indicação de biopsiar a próstata destes pacientes e que poderia ser desnecessário em muitos casos.
Considerando a outra classe de medicação de controle dos sintomas prostáticos, os alfa-bloqueadores, atualmente considerados a primeira opção em homens com queixas moderadas e severas resultantes do aumento da próstata, a piora tanto na eficácia durante o primeiro ano da troca quanto da maior quantidade de efeitos colaterais como tonturas, congestão nasal e distúrbios de ejaculação mais do que dobraram.
Com a nova política de “saúde do homem” iniciada pelo Ministério da Saúde, fica aqui registrado que tais medicamentos deveriam estar presente nos postos de Saúde, como medicação para pressão alta, diabetes… Já que mais de 50% dos homens brasileiros acima de 50 anos sofrem de queixas urinárias.
Fonte: Kaplan SA, et al., “Generic substitutes are neither as safe nor effective as branded medications: experience in men treated for lower urinary tract symptoms” AUA 2009
Postado por Flávio Heldwein, Florianópolis.