Depois de quase 20 anos, a controvérsia a respeito do teste ainda persiste. Será que ele realmente é eficaz em salvar vidas?
O exame de rotina da próstata começou a ser divulgado nos anos 80. Até então, só era possível fazer diagnóstico em tumores mais avançados, praticamente nunca em fases iniciais onde é possível a cura mesmo de tumores agressivos.
Porém, foi com a evolução da medicina que, nos anos 90, muitos homens começaram a ter seu PSA testado no sangue. Inicialmente, acreditava-se que seria um ótimo exame para detectar precocemente o câncer de próstata. Porém, ainda hoje, a doença é o segundo câncer que mais mata homens no Brasil perdendo apenas para o câncer de pulmão. E o PSA não parece ser o exame ideal para diagnóstico precoce. Porém, apesar de ser imperfeito (outros problemas da próstata também aumentam o PSA e, portanto, o PSA não é específico para câncer), muitos homens foram curados de tumores ao longo destes anos devido ao diagnóstico baseado na investigação devido ao PSA alterado no sangue.
Apesar de grandes esforços de urologistas, estatísticos e pacientes, a controvérsia existe porque vários estudos médicos chegam a diferentes conclusões. Em 2010, um estudo americano (chamado PLCO) concluiu que o PSA solicitado de forma rotineira não salvou vidas ao longo de 7 anos do estudo em homens saudáveis. Outro estudo, europeu (ERSPC), chegou a outra conclusão, que o PSA salva sim vidas. Podendo salvar 27% dos homens que iriam morrer da doença. Em um outro estudo, Sueco (Gotenberg study), ficou claramente demonstrado que o PSA a cada 2 anos reduziu 40% das mortes em pacientes acompanhados por 14 anos.
O que estes números querem dizer:
Quer dizer que, se o estudo europeu estiver correto, no Brasil, onde cerca de 25.000 brasileiros morrem por ano vítimas de câncer de próstata avançado, se estes homens fizessem seu exame anual de próstata, mais de 5.000 não morreram.
Ambos os estudos tem falhas e receberam críticas de experts. Por exemplo, sabemos que o câncer de próstata pode evoluir de forma lenta, demorando 7 a 12 anos para se manifestar e muitos homens podem ser portadores tumores que nunca irão se manifestar. Provavelmente, quando estes estudos apresentarem seus resultados de seguimento destes pacientes com mais de 10-15 anos de tratamento, os estudos irão demonstrar uma diminuição da mortalidade ainda maior.