Recentemente, novas recomendações da Associação Americana de Urologia (AUA) apresentaram mudanças em relação a necessidade dos exames periódicos para detecção precoce do câncer sólido mais diagnósticado no homem, o câncer de próstata.
Desde 2008, com a divulgação dos resultados dos estudos que investigavam o real papel do exame do PSA e do toque retal na população geral, diversas sociedades, associações e órgãos públicos internacionais tem revisto suas diretrizes, recomendações.
Aparentemente, existe um consenso que homens idosos com expectativa de vida menor que 10 anos (por exemplo homens acima de 75 anos) não se beneficiam de fazer o chamado rastreamento com PSA, pois o risco deste rastreamento trazer mais malefício que benefício nesta faixa etária é grande.
Entretanto, mesmo o homem com mais de 75 anos mas que goza de plena saúde com expectativa de viver mais de 10 anos, (sem doenças, com família que vive bastante), para este senhor também devemos discutir a possibilidade de detecção precoce.
Tanto a Associação Européia, quanto a Americana de urologia quanto a American Cancer Society (Estados Unidos), tem recomendado que os urologistas informem seus pacientes sobre os riscos e benefícios de se submeter a um seguimento com detecção precoce, o chamado rastreamento oportunista, onde o paciente com seu urologista de confiança decidem qual a conduta mais adequada para o seu caso.
Talvez, os homens que mais se beneficiam sejam os homens na faixa etária dos 55 aos 70 anos, porém homens com familiares que já desenvolveram a doença e homens negros, tem mais risco de terem câncer de próstata e nestes homens iniciar o rastreamento mais cedo pode estar indicado, por exemplo, ao redor dos 45 anos. Também já ficou demonstrado que um primeiro PSA aos 40 anos pode já indicar um maior risco deste homem ser diagnosticado com câncer futuramente.
DE QUANTO EM QUANTO TEMPO?
Essa é uma pergunta difícil de responder, porém, as recomendações atuais, não são mais de controle todo ano, a não ser quando o exame de PSA já está se elevando.
A AUA, por exemplo, recomenda que o homem sem fatores de risco seja submetidos a exames periódicos de 2/2 anos ou até de 4/4 anos, se o PSA estiver baixo e o toque retal sem suspeitas.
BENEFÍCIOS
Em países que disseminaram o uso do PSA na população masculina, como nos Estados Unidos, a mortalidade do câncer de próstata caiu cerca de 40% desde 1990.
Aqui, no Brasil, a curva de mortalidade ainda está subindo.
RISCOS
Partindo da idéia que tudo na vida tem risco, certamente, fazer exames de sangue (PSA) que não é específico de câncer e sim relacionado a qualquer problema prostático, pode levar este homem a ser submetido a exames invasivos.
Também, pode ser diagnosticado um tumor muito pequeno e que, dependendo da expectativa de vida do paciente em questão, pode nunca progredir.
ESFORÇOS FUTUROS
Os estudos atuais tentam desvendar quais tumores são agressivos e quais são muito pouco agressivos.
No futuro, de forma ideal, poderemos tratar com segurança, apenas os tumores com risco e acompanhar os tumores que levam, as vezes, até 20 anos para crescerem. Atualmente, conseguimos diferenciar mas não com a acurácia ideal e, isto, precisa ser melhorado.
Esta diferenciação é importante, pois apesar da palavra CÂNCER, sempre causar ansiedade, existem mais de 100 tipos diferentes de tumores malignos no corpo humano. E cada um tem sua agressividade, sua evolução de meses ou de anos ou de décadas. E considerando, somente os câncer de próstata, existe, pelo menos, 3 tipos de agressividade, os de baixo risco, risco intermediário e de alto risco.