Muitos avanços vem sendo conquistados em relação a melhoria de diagnóstico de tratamento de problemas de saúde masculina. Apesar destas conquistas, muitas dúvidas ainda precisam ser esclarecidas e o número crescente de estudos médicos de qualidade visam responder estas questões.
Quanto ao câncer de próstata, existe uma grande área cinzenta com perguntas parcialmente respondidas até os dias atuais.
Mês passado, durante o Congresso Europeu de Urologia, uma das apresentações mais aguardadas abordava a atualização do principal estudo que objetiva responder se exame precoce da próstata salva vidas ou não.
O Prof Fritz Schröder, coordenador do estudo ERSPC apresentou novos resultados avaliando os pacientes que foram investigados precocemente e os que não fizeram exames da próstata. Este estudo já havia demostrado que o exame da próstata (PSA) diminuía a mortalidade em mais de 260 mil homens acompanhados.
Agora, 2 anos depois! estes pacientes continuam sendo acompanhados em diferentes países, os resultados são ainda mais favoráveis ao diagnostico precoce. Portanto, o exame de próstata salva vidas sim.
Por outro lado, precisamos considerar que os tratamentos atuais trazem prejuízos na qualidade de vida para alguns destes pacientes, e não são poucos. Esforços estão sendo desprendidos para melhor definirmos quais tumores são agressivos e quais podemos acompanhar.
Principalmente em homens com mais idade (acima de 75 anos) o exame anual não ajuda a salvar vidas, pois estes homens tem muito mais chance de morrerem de outro problema que de um câncer de próstata que não foi diagnosticado aos 50, 60, 70 anos.
Depois de quase 20 anos, a controvérsia a respeito do teste ainda persiste. Será que ele realmente é eficaz em salvar vidas?
O exame de rotina da próstata começou a ser divulgado nos anos 80. Até então, só era possível fazer diagnóstico em tumores mais avançados, praticamente nunca em fases iniciais onde é possível a cura mesmo de tumores agressivos.
Porém, foi com a evolução da medicina que, nos anos 90, muitos homens começaram a ter seu PSA testado no sangue. Inicialmente, acreditava-se que seria um ótimo exame para detectar precocemente o câncer de próstata. Porém, ainda hoje, a doença é o segundo câncer que mais mata homens no Brasil perdendo apenas para o câncer de pulmão. E o PSA não parece ser o exame ideal para diagnóstico precoce. Porém, apesar de ser imperfeito (outros problemas da próstata também aumentam o PSA e, portanto, o PSA não é específico para câncer), muitos homens foram curados de tumores ao longo destes anos devido ao diagnóstico baseado na investigação devido ao PSA alterado no sangue.
Apesar de grandes esforços de urologistas, estatísticos e pacientes, a controvérsia existe porque vários estudos médicos chegam a diferentes conclusões. Em 2010, um estudo americano (chamado PLCO) concluiu que o PSA solicitado de forma rotineira não salvou vidas ao longo de 7 anos do estudo em homens saudáveis. Outro estudo, europeu (ERSPC), chegou a outra conclusão, que o PSA salva sim vidas. Podendo salvar 27% dos homens que iriam morrer da doença. Em um outro estudo, Sueco (Gotenberg study), ficou claramente demonstrado que o PSA a cada 2 anos reduziu 40% das mortes em pacientes acompanhados por 14 anos.
O que estes números querem dizer:
Quer dizer que, se o estudo europeu estiver correto, no Brasil, onde cerca de 25.000 brasileiros morrem por ano vítimas de câncer de próstata avançado, se estes homens fizessem seu exame anual de próstata, mais de 5.000 não morreram.
Ambos os estudos tem falhas e receberam críticas de experts. Por exemplo, sabemos que o câncer de próstata pode evoluir de forma lenta, demorando 7 a 12 anos para se manifestar e muitos homens podem ser portadores tumores que nunca irão se manifestar. Provavelmente, quando estes estudos apresentarem seus resultados de seguimento destes pacientes com mais de 10-15 anos de tratamento, os estudos irão demonstrar uma diminuição da mortalidade ainda maior.
O médico Flávio Lobo Heldwein retoma o blog sobre saúde do homem, abordando assuntos relacionados com a sexualidade, o envelhecimento masculino e a prevenção de doenças urológicas. Ele também dá dicas para uma vida saudável e responde a perguntas enviadas por internautas
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