
A VIDA É UMA ARTE
Fotos | Fabiano Panizzi, divulgação
Na Grécia antiga, Platão indicava que a melhor introdução ao universo das artes se dava pela música, pois ela servia perfeitamente para ensinar a harmonia. O artista gaúcho Leonardo Posenato seguiu esta lição: aos cinco anos de idade, iniciou sua educação musical com vários instrumentos até permanecer com o violino pelos 10 anos seguintes. Com incursões pela pintura e escultura, as artes desde sempre o moveram e encantaram, porém foi a partir do mosaico que ele e suas musas descobriram sua verdadeira vocação.
Já encantado pela técnica e arriscando suas primeiras obras, Leonardo encarou a oportunidade e o desafio de se debruçar em estudos na tradicional Scuola Mosaicisti de Spilimbergo, na Itália, onde se graduou como o primeiro brasileiro com formação na instituição. Com ensinamento erudito baseado na cronologia da história do mosaico, o jovem artista explorou as diversas possibilidades da arte, do estilo romano às releituras clássicas, dos mosaicos bizantinos aos mais contemporâneos, pautados na plena liberdade criativa. Seu talento, amplificado na graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS, transmite sua intelectualidade nata e o fascínio pela estética: “Desde o início procurei compreender o que de fato contribui para uma obra ser bela, pois no fundo sempre procurei pelo belo, sublime e etéreo que transporta para um mundo paralelo da contemplação”, revela este sagitariano perfeccionista e intuitivo.
O primeiro trabalho assinado por Leonardo como mosaicista foi a complexa fachada da Vinícola Salton, em Bento Gonçalves, que surpreende pela beleza e originalidade apresentadas em sua obra. Também é possível contemplar seu talento na Estação Petrobrás do Trensurb e na Igreja Nossa Senhora Medianeira, em Veranópolis – cidade de seus avós e onde permanece parte de suas origens. Em Caxias do Sul, Leonardo possui uma representação da Via Sacra na capela do Instituto San Carlos. Enquanto tira do papel o projeto de uma exposição com tema ainda secreto, Posenato segue obstinado em ampliar o alcance de sua arte para além das fronteiras do país – meta que deve atingir em breve.
Afeito à natureza e dedicado nas artes marciais, Leonardo ainda encontra tempo em sua atribulada agenda para velejar e praticar windsurf. O sereno mosaicista revela mais detalhes de sua intimidade e da harmonia que embala seus dias. Confira!

Como e quando a arte entrou em sua vida?
Fui criado desde cedo para ser artista. Meus pais músicos e arquitetos me estimularam desde cedo à educação musical que iniciei aos 5 anos. Passei por vários instrumentos até ficar no violino por 10 anos, gostava muito de Vivaldi. O que fui descobrir mais tarde é que no mundo grego antigo, Platão recomendava que se alguém quisesse ingressar para o mundo das artes, que iniciasse pela música, pois dali se aprende a lição da harmonia. Frequentei também diversos cursos de arte, pintura e escultura. A arte passou a fazer parte de minha vida naturalmente.
Quando percebeu que suas aptidões para as artes poderiam se tornar profissão?
Quando vi a oportunidade de estudar uma forma de arte mais avançada que é o mosaico, com técnicas tradicionais e milenares, in loco, vi logo uma grande oportunidade de me tornar um artista com grande conteúdo.
Como descobriu o mosaico e qual foi seu primeiro trabalho com esta técnica?
A família Posenato residente na Itália sugeriu que eu fizesse a escola, pois sabiam da minha vocação e viram nisso uma oportunidade também fazer uma ponte entre os emigrados e os residentes. O meu primeiro trabalho e muito marcante foi a fachada da Vinícola Salton em Bento Gonçalves.
O que pode nos contar de suas experiências enquanto estudou na Itália?
A itália é um lugar fascinante, as artes e a arqueologia nos ensinam muitas coisas sobre a nossa história como seres humanos. Conheci muitos monumentos, cidades históricas, entendi na prática como se deu a evolução dos diversos períodos da história da arte e isto me deu muito conteúdo para produzir trabalhos com a qualidade que produzo hoje.
E como foi sua vivência e imersão nas artes durante sua passagem pela tradicional Scuola Mosaicisti?
A escola é baseada em um ensinamento erudito que segue a cronologia da história do mosaico. Primeiro se aprende o mosaico romano, pois ele é a base de todos os mosaicos subsequentes. Fazíamos releituras de pavimentações romanas clássicas ao mesmo tempo que compreendíamos suas simbologias nas aulas de história do mosaico. A segunda fase é dedicada aos mais complexos mosaicos bizantinos e a execução de rostos, que necessita de muita habilidade e percepção. A terceira fase foi dedicada aos mosaicos contemporâneos, o que nos deu uma grande base teórica e liberdade de criação.
Como recebe críticas e se relaciona com os espectadores de suas obras?
As críticas são sempre muito bem-vindas, pois sei que os produtos são feitos para agradar aos olhos dos clientes e suas necessidades. Muitas vezes, porém, o leigo faz colocações e em contrapartida cabe ao artista explicar o porquê da composição ser daquele modo pois está em conformidade com a teoria das cores ou com as proporções ou com a Gestalt.
Já vivenciou alguma situação inusitada por conta de um trabalho seu?
No início, por se tratar de uma técnica muito erudita e complexa, os clientes chegavam ao meu ateliê achando que encontrariam um senhor de bem mais idade. Já aconteceu até um caso em que a arquiteta achava que estava falando com o filho do tal artista e que se já tinha tanto conteúdo, imagina o pai, acontece que o pai não existia, era ele mesmo (risos).
Possui um trabalho bastante característico, com cores e formas que revelam sua assinatura artística. O que você destaca que caracteriza uma obra essencialmente sua?
Desde o início procurei compreender o que de fato contribui para uma obra ser bela, pois no fundo sempre procurei oferecer isto ao meu cliente, algo belo, sublime, etéreo que o transporte para um mundo paralelo da contemplação. Muito estudei de simbologia e história, e passei para as técnicas da teoria das cores, proporções, estratégia de composição e Gestalt. Estes conteúdos todos adquiridos ao longo de muitos anos de estudos e práticas, aliados à noção da harmonia que se aprende com a música faz com que, de uma forma abstrata e não facilmente mensurável, a composição fique bela dominando a técnica para alcançar tais objetivos.

De onde vem as pedras que compõem suas obras?
Eu uso sempre o que tem de melhor disponível, pois na arte as cores são muito importantes, e para as pedras, quanto mais viva a cor, mais valor tem. Uso mármores e granitos do mundo inteiro. Uso por exemplo Marrom imperador da Espanha, Rosso Verona, Nero Assoluto e Verde Alpi da Itália. Tem pedras de cores exóticas que vem do oriente como tons de rosa e por fim as belíssimas cores especiais que temos exclusivamente no Brasil como os azuis e os vermelhos. Trabalho também com cerâmicas e porcelanas por causa das cores vivas para alguns casos.
E quais são os principais processos e técnicas até um punhado de pedras se tornarem um de seus belos mosaicos?
Desde a pedra bruta são diversos processos. Já com toda a parte de composição pronta, se passa para a execução serrando as pedras em formatos menores, depois se talham estes pedaços com martelo romano (Martelina) até atingir o formato da Tessela exato para o desenho que se está produzindo.
Quais foram os trabalhos mais importantes que realizou e os que mais lhe agradaram?
Sem dúvida o complexo de mosaicos da Vinícola Salton pela beleza e ineditismo, a Estação Petrobras do Trensurb – RS pela beleza dos animais como alegoria representada, Fachada da Igreja Nossa Senhora Medianeira em Veranópolis – cidade dos meus avós pela inovação na parte do projeto e atualmente o trabalho que estou fazendo para o Governo Federal para a universidade UFCSPA com o tema de uma farmácia medieval que tem muita qualidade no projeto.

Quais foram as obras mais desafiadoras ou ousadas que você já encarou?
São sempre as obras de grande porte. Representa muitas dificuldades para orquestrar a execução até a colocação para que tudo dê certo e a obra fique perfeita.
E quais foram as principais exposições que já realizou ou das quais participou?
Me marcou sempre as exposições que fazia ainda como aluno na escola, em lugares lindos foram sempre uma grande oportunidade. Aqui no Brasil a exposição que mais me marcou foi no café do MARGS, onde pude mostrar pela primeira vez de forma bem organizada as diversas séries em que estava trabalhando.
E quais são seus projetos para breve? Tem algo planejado que deseja tirar do papel?
Estou agora preparando uma grande exposição com o tema ainda em segredo. Em breve divulgaremos.
Integra uma geração composta por jovens plenamente criativos e talentosos. Quais são as características que destaca desta nova geração de profissionais?
Acredito que tem muito de grandes sonhos que esta geração persegue e vai atrás sem esperar que o tempo traga. Tem também a criatividade e o uso das novas tecnologias que potencializou de diversas formas o talento.
Você também é graduado em arquitetura. Como essas duas atividades se relacionam?
Sem dúvida, fiz a faculdade para me aprimorar como artista, coalizando os conhecimentos para atingir um resultado melhor. Com certeza o melhor resultado é a união de projeto com execução, o que acontece na fachada do Santuário medianeira, onde o projeto e o mosaico se cruzam para atingir um efeito inusitado e inovador.
Qual é seu processo criativo para o nascimento de uma obra sua?
Assim como em arquitetura, para a criação de obras de mosaico uso o repertório como base, olho muitas obras, imagens, acompanho muitos artistas, li muitas biografias de artistas que fizeram sucesso. Tudo isso junto contribui para a criação de obras criativas.

Quais são seus planos e desejos para o futuro?
A minha meta principal é reforçar a marca de meu ateliê como uma marca do mercado de luxo, pelo conteúdo e qualidade. Como artista é ser conhecido internacionalmente.
Quais são os mestres das artes que te inspiram?
O principal é Monet, pela sua inovação e persistência em uma ideia que quebrava um paradigma da época. Gosto muito de Vik Muniz pela ousadia de criar coisas novas mesmo que despendem de muito tempo, investimento e estrutura. Gosto muito de Leonardo da Vinci pela criatividade e de Michelangelo pela genialidade, mesmo que também genioso.
Como define sua personalidade e suas principais características? Elas são essenciais em sua área profissional?
Para trabalhar com mosaico é necessário proatividade e vida saudável pois o trabalho com mosaico, principalmente o de grandes dimensões é trabalho duro! A criatividade, ousadia, atualização também são valores indispensáveis para se ir adiante, pois não basta apenas talento, tem que ter resultados.
O que lhe inspira?
Paisagens, cores, antiguidade clássica, impressionismo.
Na pele de quem gostaria de passar um dia?
Pode ser alguém do mundo antigo para conhecer a verdade histórica sobre aqueles tempos, pode ser egípcio, grego, renascentista.
Quais são seus prazeres, hobbies e paixões?
Gosto muito da natureza, praia ou bosques. Meu hobbie é praticar artes marciais, velejar de windsurf. Gosto muito de passar o final de semana tranquilo e fazer um churrasquinho.
Como se define?
Inovador, proativo, ousado. Grande força de vontade para atingir meus objetivos bem definidos.

O mosaicista Leonardo Posenato aponta cinco dicas sobre o melhor uso dos mosaicos na decoração de ambientes:
• Mosaico é perfeito para quem quer colocar a sua personalidade no ambiente;
• O mosaico é uma arte de decoração milenar, altamente simbológica e cada modelo tem um significado, portanto coloque em seu ambiente a peça com um conteúdo que você conheça;
• Para ambientes clássicos, prefira mosaicos geométricos do tipo romano ou semente de girassol;
• Para ambientes modernos, prefira os modelos de mandalas e desenhos orientais mais coloridos;
• Ideal para ser aplicado no piso da entrada, painel no hall ou em uma mesa de jantar ou de jardim.
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Preferidos
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Filme: Intocáveis, de Eric Toledano
Livro: Oito Pilares da Sabedoria Grega, de Stephen Bertman
Cor: azul
Prato: churrasco
Uma qualidade: força de vontade
Um defeito: são dois: perfeccionismo e exigência
Um aroma: natureza
Um som: rock
Uma imagem: paisagens
Um sonho: uma grande casa com um grande pátio.
Não vivo sem: música, amigos e alegria!
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ESTILEIRA

Edy Vitorino mixou a clássica saia godê com a contemporaneidade
da estampa digital em tarde de opening.
Foto: Lisi Viezzer, divulgação

Para a temporada de baixas temperaturas, Laís Mósena
apostou na jaqueta estilo punk para compor um look moderno.
Foto: Cristiano de Oliveira, divulgação

Patricia Quadros elegeu o atemporal branco e preto
e imprimiu elegância e estilo em recente encontro fashion.
Foto: Lisi Viezzer, divulgação
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Novas
A bonita arquiteta Gabriela Angonese vem dando mostras de fôlego nesta temporada. Além de mimar o marido, André Julio Rech, e a filha deles, Valentina, ela está produzindo uma série de projetos e, de quebra, a estruturação de seu mais novo escritório. Criativa, Gabriela programa, para o próximo mês, um petit comité para mostrar a boa nova à família.
Persona
Depois de Fernanda Marques Guerra agora será a vez da mana dela, Carolina, ostentar a coroa de soberana juvenilista. A filha caçula de Mauro e Nina Guerra recebe o título oficial de rainha do Clube Juvenil, dia 15 de agosto, quando a agremiação celebra os 110 anos. A beldade Amanda Lappe Guasso se despedirá do cargo com as atenções do casal vice-presidente social e cultural da família aristocrática, Flávio e Roselei Minghelli.
Destaque
A colunista social online Odinha Peregrina foi o centro das atenções no último sábado em evento que reuniu expoentes da sociedade no 3º Grupo de Artilharia Antiaérea. Durante celebração dos 65 anos do Quartel, o Coronel Marcelo Jorge dos Santos e o Presidente da Diretoria Executiva da Associação dos Amigos do 3º GAAAe, Emir José Alves da Silva, concederam a Odinha a Medalha Conde de Caxias, deferência dedicada as personalidades que se destacam como modelo de conduta pessoal e pública em prol de uma comunidade.
Páginas
Depois de participar do Circuito Off Flip, na maior festa literária do Brasil, em Paraty, a escritora Tatiana Fadel Rihan desembarca, neste sábado, por estas plagas. Ela participa da Semana do Livro Nacional e discorre sobre viagens e literatura ao lado do também escritor e peregrino Magnus Casara. O bate-papo ocorre às 15h, na Casa São Miguel. Tatiana esteve na Feira do Livro de Caxias, em 2014, quando lançou a obra ‘Uma viagem em um bloco de notas’.
Avental
O chef Rodrigo Schio vai pilotar forno e fogão na 13º edição do evento beneficente ‘Tá na Mesa com a ADCE’. No dia 1º de agosto ele estará também recepcionando o grupo de adesão no restaurante que comanda no Parque de Exposições da Festa da Uva. Rodrigo cuidará das boas-vindas oferecendo seus sofisticados canapés. O projeto gastronômico e filantrópico contará com 15 cozinhas e promete reunir 800 pessoas e mais de 50 empresas que irão contribuir com 13 entidades assistenciais.

A aniversariante da semana Mirele Guerra foi o centro das atenções
quando comemorava a data querida, quinta-feira passada.
Foto: Alesi Ditadi, divulgação

Julia Regadas e Michel Stumpf, presenças queridas em noite de festa.
Foto: Daniela Xu, divulgação

Esbanjando simpatia, Junior Toledo e Hetiane Morais em recente reunião social.
Foto: Daniela Xu, divulgação
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