Derreteu!
(Foto: João Paulo B. Miguel/Especial)
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Com mais de 7,2 bilhões de seres humanos, outro tanto de animais, além da agricultura para produzir comida para tantas bocas, haja água doce no planeta!
Cientistas já pensam em buscá-la abaixo do fundo do mar, extraindo como se extrai petróleo. Tecnologia existe, mas ainda estudam o impacto ambiental. Se um dia chegarmos a esse ponto, imaginem o custo. Pior ainda, no Brasil seria criada mais uma estatal, a Aguabras, com milhares de cargos comissionados e um presidente do futuro anunciando que o Brasil é autossuficiente, apesar do país continuar importando água.
Quem viver saberá.
Para as futuras gerações: o verão de 2014 foi um sufoco.
Este calorão todo que nos assusta não passa de um aumento médio de apenas 2,5ºC na média da temperatura de outros verões. Por aí se vê como somos frágeis, nossa margem de vida razoável é pequena, a faixa é estreita.
Dependemos do equilíbrio do planeta. É melhor parar de agredi-lo. Estamos cutucando a onça com vara curta.
Foto: Valther Osterman
Que guarda-chuva, que nada! O calor de Blumenau exige guarda-sol.
(Foto: Ademir Jasão/Especial)
O Brasil ainda não se adaptou ao clima. Prédios com imensas fachadas de vidro que exigem imensos sistemas de ar-refrigerado para compensar o calor que absorvem é o exemplo mais vistoso. Feijoada como prato nacional causa espanto até ao norueguês Ibsen, como vocês leram na coluna anterior. Ternos com gravata para entrar nos palácios da Justiça, eis outra exigência que destoa do calor tropical. Nesse particular, o das vestimentas, claro que tem que haver algum ordenamento e algum, digamos, pudor. Maiô só fica bem na praia, pijama no quarto e fantasia no carnaval.
Mas bermudas caem bem em clima quente. O leitor Marcos dos Santos reclama que, ao buscar a segunda via do Certificado de Reservista, foi barrado na guarita do 23º BI, Blumenau, justamente porque trajava uma bermuda até o joelho.
– Não considero um desrespeito à Pátria. Sou da classe 90 e dei baixa com elogios de praça.
Se o clima não der um tempo neste calorão, daqui a pouco o pessoal terá que pegar senha para usufruir as poucas sombras de Blumenau.
Foto: Leocarlos Sieves/ Especial
O engenheiro florestal Jorge Müller, está dando um rolê de moto pelo sul da América do Sul. Em sua passagem por Mendoza, Argentina, colheu esta imagem para a coluna.
– Olha aí uma cidade com arborização planejada, canais de água localizados nas calçadas para irrigação das árvores, já que a cidade está localizada num deserto com umidade relativa do ar de apenas 20%. Visita-se a cidade inteira pela sombra.
Em Blumenau um projeto de arborização vai além da intenção da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema), precisa ser abraçado por outras secretarias, incluindo a de Planejamento.
Jorge Müller já foi presidente da Faema. E de outro ex-presidente, Anselmo Lessa, recebo a informação de que em sua passagem pela fundação deixou encaminhado um projeto de arborização, acordado com a Justiça Federal. Pretendo conversar com ele para saber mais. Se há um projeto, há esperança.
A melhor forma de medir o calor do dia, dizem os antigos, é observar o comprimento de gatos dormindo. Deve ser verdade.
Na estica
O calor extremo deste verão nos revela alguns fatos. Água e energia elétrica, por exemplo. Pelo que se observa, o fornecimento tem pouca margem para aumento repentino de consumo. Constantes apagões localizados e torneiras secas comprovam que o sistema vive no limite.
Se isso servir para investimentos naqueles setores fundamentais, terá valido o sacrifício. Se bem que isto aqui é Brasil…
Temperatura de 39º, sensação de calor de 49º. Nosso Vale é uma estufa, só que mais quente. Mas esta combinação de muito calor com muita umidade gera imagens interessantes. Na tarde do último dia 30 o vascaíno André Schroeder capturou esta imagem em Timbó. Sol e chuva, casamento de viúva. Ou chuva e sol, casamento de espanhol. Perdão, não resisti, são expressões do tempo de criança.
Há alguns anos uma leitora assídua me xingava calorosamente cada vez que eu reclamava do calor de Blumenau. “Vai morar na Groenlândia, seu bundão!”, dizia, bem na linha do “Blumenau, ame-a ou deixe-a”. Isto quando estava de bom humor, precisa ver o que dizia em seus dias ruins!
Desta vez, porém, se eu falar do calor da semana passada, creio que ela não irá se manifestar. O calorão foi de desanimar até agressões.
Mesmo assim não vou falar.
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