O bom de trabalhar com turismo é que qualquer destino que se invente de visitar vira prospecção e daí não tem ruim. A gente descobre , fuça e , às vezes tira leite de pedra , mas na maioria se encanta com o inusitado.

Nunca tinha pensado em visitar a Macedônia , na verdade só tinha escutado falar em Meteora e por aí acabavam meus conhecimentos sobre a região.

Meteora

Pois o roteiro do navio Silversea foi uma surpresa atrás da outra. A começar pelo próprio navio, que acaba de ganhar o prêmio de melhor navio do mundo de pequeno porte pela mais renomada revista de turismo : a Condé Nast Traveller.

Então tudo começa com o serviço , mais do que 100%! As cabines , todas em tamanho muito confortável e a maioria com varanda, abrigam os 280 passageiros. Um mordomo serve cada pequeno grupo de cabines facilitando a colocação de roupas nos closets, isto mesmo, e se coloca a disposição para reservas nos 4 restaurantes , serviço de quarto e muito mais.

De longe o mais interessante numa viagem de navio é a comodidade de amanhecer cada dia em um porto, sem a preocupação de malas, check in e tudo mais. Enquanto se poderia questionar o tempo e a tranquilidade para explorar o novo , o pessoal do navio já vem com uma “lecture” para dar toda a história e principais atrativos do próximo destino. Pois nosso roteiro foi perfeito neste sentido , para dar um primeiro olhar em possibilidades nunca d´antes navegadas e se for o caso , voltar para curtir com mais vagar.

Para ser bem sincera , o único senão da viagem foi o fato de estarmos na Grécia e não termos aproveitado nenhum dia de praia. O roteiro não privilegia ilhas com belos exemplos de praias gregas mas também outubro já está um pouco além dos dias quentes e propícios a um banho de mar . Vejam o pessoal na piscina! Cobertores a postos.

Saímos de Istambul , na Turquia para nosso primeiro porto na Macedônia (região norte da Grécia). Kavala é uma cidade pequena , simpática dominada por um centro antigo com vestígios gregos , romanos e otomanos. Antes de tomarem Istambul os turcos passaram por aqui conquistando a cidade.

O aqueduto no centro é dos mais lindos e bem conservados que eu já vi.


Mas Kavala não é um motivo para se deslocar até a Macedônia. Já Thessaloniki sim! A cidade é berço de Felipe , pai de Alexandre , o grande . Um lugar moderno , arejado , repleto de cafés e restaurantes descolados . Adorei tudo . Do calçãdão à beira mar com a famosa Torre Branca até a religiosidade das tantas igrejas ortodoxas.


A história é densa , parace que a gente sente nas pedras da rua os anos e as dores por que passaram estes povos. Aproveito para indicar um livro que através da saga de uma familia conta um pouco da história do lugar ” O Fio” de Victoria Hilslop. O Museu Arqueológico é muito interessante e bem montado, as coroas de ouro do período helenístico são demais.


É uma cidade que precisa ser desvendada , ela é como um amor difícil , que não se entrega ao primeiro assédio. Os sítos arqueológicos se espalhas pelas calçadas.


Em cada jantar no navio , uma enorme variadade de possibilidades! O serviço sempre atencioso e impecável, os garçons chamam os passegeiros pelo nome. A gente se sente especial , cuidado e acarinhado. Os restaurantes são todos deliciosos , difícil escolher. Mesas individuais, atendimento personalizado.

Em Volos o que vale mesmo é pegar um carro e seguir a Meteora. (O navio tem serviço de passeios em grupo para destinos mais distantes, não é assim um Viajando com Arte, mas ok! ) Uma paisagem que mistura natureza e prodígio humano e que nos faz sentir pequenos diante da grandeza de seus construtores. Algo que lembra a Capadócia , mas num clima mais místico e com menos turistas.


Eram vinte mosteiros , hoje são apenas seis , mas o espírito esta bem guardado numa filosofia eremita. Apesar de ser desconhecida a data exata de fundação de Meteora, crê-se que os primeiros foram eremitas que se estabeleceram em cavernas no século XI. Formou-se um estado monástico rudimentar procurando um refúgio seguro à ocupação dos turcos otomanos, encontraram nos rochedos inacessíveis de Meteora o local ideal.



De lá voltamos para a Turquia numa parada estratégica em Izmir , que já foi um enclave grego na região. Daqui o mais interessante também é sair do porto para visitar Ephesus, a antiga cidade romana que eu já conhecia de outras edições da viagem Turquia com Arte. Como o dia estava lindo , Izmir tornou-se uma parada interessante, uma cidade grande cheia de mercados e um belo calçadão à beira mar. Para interessados em Ephesus aqui está o linck para o post, é imperdível:



Aqui um dos pontos altos do roteiro , um dia de nevegação cruzando o estreito de Dardanelos , o mar de Marmara e o estreito de Bosphoro para chegar no Mar Negro. Um delírio passar pela cidade de Istambul ao entardecer, suas mesquitas e minaretes desenham o horizonte e os passaros acompanham o barco fazendo uma trilha sonora. Um dos momentos mágicos da minha vida.


O Mar Negro não é muito diferente de nosso conhecido Atlântico, tem um azul profundo e águas traiçoeiras.

Mas os países que nos esperavam tem uma história recente marcada por um regime comunista ditatorial que deixou marcas profundas de amargura e muita pobreza , mesmo vinte e cinco anos depois de seu fim. A Romênia e a Bulgária foram nossos destinos na região , tendo em vista que a Ucrânia esta convulsionada e não permite visitas na atualidade.

Na Romênia chegamos no porto de Konstança que nos serviu apenas de escala para seguirmos por 250km de boas estradas até Bucarest. É uma região plana agrícola , e aquele imaginário fantasioso que compartilhávamos , de acampamentos de ciganos em florestas desabitadas não é por aqui que iríamos encontrar. Bucarest para mim foi um choque .


Por mais que eu já tivesse lido sobre as atrocidades do ditador Nicolau Ceaușescu no período comunista , o Palácio do Parlamento na cidade é maior e mais estarrecedor. É o segundo maior edifício do mundo (só perde para o Pentágono) num dos países mais pobres da Europa , foi construído sobre os escombros de uma cidade que tinha uma arquitetura elegante e que cuja a sofisticação de sua elite deram-lhe o apelido de “Paris do Leste”. Durante a liderança de Ceaușescu (1965-89), a maior parcela da parte histórica da cidade foi destruída e substituída por edifícios do estilo comunista, em particular altos blocos de apartamento. O melhor exemplo disso é o desenvolvimento do chamado Centrul Civic (o Centro Cívico), onde todo um bairro histórico foi demolido para dar à luz os edifícios megalomaníacos de Ceaușescu.

Mas nem tudo é desolação e lembranças negras em Bucareste. No outono os diversos parque se pintam de cores quentes e o Museu de arquitetura com replicas de prédios das diversas regiões da Romênia é muito lindo e bucólico em meio as folhas caindo.



O centro antigo esta sendo restaurado , o que pode fazer com que a cidade retome sua tradição perdida.

Por todos os portos o que não faltavam eram romãs, vermelhas , deliciosas in natura ou como suco!

Assim como quase todas as outras cidade que passamos neste roteiro , Nessebar na Bulgária também guarda vestígios de cinco civilizações que por ali passaram: gregos, romanos , bizantinos , otomanos e búlgaros.


Mas o pequeno porto no Mar Negro preservou bem este seu legado e nos brindou como uma das melhores surpresas do roteiro.


Igrejas bizantinas intactas abundam nesta pequena cidade , hoje ponto de veraneio valorizado. Mas já estávamos longe do verão e a maioria dos turistas temporários já fora embora nos deixando um clima ameno numa cidade tranquila que praticamente abriu suas portas para nosso pequeno navio.


Desvendamos os segredos de Nessebar pela manhã e à tarde saímos para fazer um safari nas montanhas!


Bueno , safari aqui deve ser bem entendido como um percurso exploratório em um espaço agreste , montanhas altas mas animais e selvagens então , nem por perto. O esporte predileto dos búlgaros é a caça o que fez sobrar pouco para vermos nos campos.

Pessoa muito simples ainda vivem com restos de veículos do período comunista. O mais difícil , segundo nos disseram foi resgatar a auto-estima.


E para completar esta viagem especial ter a companhia de uma amiga de mais de quarenta anos ! Temcoisas que não tem preço!

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