Por Luciano Leonetti Terra
Como um dos estados mais famosos dos Estados Unidos, a Califórnia é conhecida principalmente pelo surf e por ser o berço do cinema americano. Afinal Hollywood é lá. Todo esse propagado “glamour” muitas vezes ofusca outras belezas, às vezes até mais interessantes que a magia da sétima arte. A Califórnia é muito mais que isso.
Em um final de primavera, mais precisamente no começo de junho, fui para Califórnia na esperança de conhecer além daquilo que já tinha visto em dezenas de filmes e que também me atraía muito: São Francisco, Los Angeles, Santa Mônica, Santa Bárbara, Carmel e todo o litoral do Pacífico. O que não sabia é que a Califórnia que iria descobrir seria muito mais grandiosa do que poderia imaginar. As atrações “comuns” me surpreenderam, mas aquelas que eu não tinha a real noção de como eram, me arrebataram.
A aventura californiana começou por São Francisco. A intenção era percorrer a distância entre essa cidade e Los Angeles em cinco dias, ou seja, não iria me contentar com a US 01 e todas as suas maravilhas. Queria mais. Sendo assim, ao sair de lá não rumei ao sul, mas sim ao nordeste do estado. Em direção a Sacramento e o interior. O objetivo era circundar o estado pelo leste até encontrar o litoral novamente em Monterrey. E nesse trajeto passar por duas atrações conhecidas, “pero no mucho”: Lake Tahoe e Parque Yosemite.
O caminho em direção a Lake Tahoe é um espetáculo a parte. Quanto mais ao leste, mais alto, mais frio, mais fantástico. A região onde fica o lago chama-se “High Sierras” e pelo nome já dá para ter uma ideia do que se está falando. As curvas e subidas vão se tornando dramáticas e quando, em um dado momento, avista-se o lago lá embaixo o coração quase pára. De susto e de delírio. A natureza ali, como em toda a Califórnia, é fascinante. As dezenas de tons de verde, as montanhas, o clima. Tudo é puro deleite.
Era um final de tarde ensolarado quando finalmente cheguei à beira do lago na pacata cidade de South Lake Tahoe. Não há palavras que consigam descrever o lugar. Tentarei. Imagine a cena: um lago de águas cristalinas e verdes, de um pouco mais de 100 Km de circunferência, rodeado por montanhas de picos nevados (no inverno ficam totalmente cobertas de neve) e árvores verdes cobrindo toda a extensão. Para completar, uma estrada serpenteando todos os lados e levando a lugares inimagináveis. A sensação de pertencer a um cartão postal é inevitável.
No inverno Lake Tahoe é rodeado de estações de esqui, onde foram realizados os Jogos Olímpicos de inverno de 1960. Nas outras épocas do ano é o paraíso dos esportes de natureza. Rumam para lá ciclistas, canoístas e todos os amantes de caminhadas e corridas. No verão os campings ficam cobertos por barracas e motorhomes. Na primavera e no outono o local é mais calmo e perfeito à contemplação. Silêncio no meio de uma paisagem dessas é a maior benção do mundo. Cada minuto é pura meditação. É só se deixar levar pela força do lugar.
Uma das principais atrações é a Baía Esmeralda e a casa de veraneio Vikingsholm, uma réplica de um castelo nórdico. A vista do alto é de tirar o fôlego. Ela já seria perfeita apenas pela localização, porém ainda se dá o desplante de ter uma ilhota no meio. O detalhe perfeito para finalizar a obra de arte. Sem falar que ainda há uma cachoeira que despenca do alto das montanhas e vem abastecer o lago com suas águas geladas e cristalinas. Circulei por uma boa parte do lado esquerdo do lago. Se você gosta de aventura irá adorar dirigir por essa estrada. Estreita e sempre à beira de abismos. Tem momentos que o penhasco é única coisa que se consegue ver à direita do carro. Pura aventura. E o pior é que o motorista também é filho de Deus. Então, é um olho na estrada e outro na paisagem. Eu sobrevivi, você também sobreviverá.
Lake Tahoe fica na fronteira da Califórnia com o Estado de Nevada. Se eu já havia amado o lado Californiano, não fazia ideia o que o outro lado me reservava no dia seguinte. Bem cedinho, um dos momentos mais bonitos para contemplar a natureza, saí do hotel e cruzei a fronteira estadual. Desta vez a estrada era mais larga e não tão sinuosa. Os penhascos já não tinham a mesma graça do dia anterior, mas a vista… A claridade e a luz da manhã iluminavam diretamente as montanhas nevadas mais ao oeste e estas pareciam brotar das águas verdes do lago. Para resumir, sentei em um banco e fiquei alguns minutos admirando o lugar. Respirando a natureza e recebendo a energia que foi aos poucos emocionando um a a um. As palavras foram cessando e o silêncio automático tomou conta de todos. Silêncio em respeito, silêncio por harmonia, silêncio por sintonia. Os olhos e todos os sentidos ocupados apenas em sentir e assimilar tudo aquilo que precisava ser sentido. Ainda hoje me emociono ao lembrar daqueles momentos.
A margem direita do lago pode não ter a Baía Esmeralda, mas tem a Cave Rock e seu túnel. Um lado invejando o outro e concorrendo no quesito magia. Em minha opinião daria empate. Um detalhe importante: como disse no começo, o lago tem mais de 100 Km de margens e eu visitei apenas uns 40 Km. Imagine quantas surpresas esses outros 60 Km poderão oferecer? Um dia ainda voltarei lá para conferir.
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