Na época em que voar ainda era uma coisa romântica e até aventureira, uma loirinha de 25 anos procurou o administrador da Boeing. Ela queria pilotar aviões.
O administrador se surpreendeu com a firmeza da moça. Entretanto, quando descobriu que era enfermeira, achou melhor contratá-la para cuidar dos passageiros no ar.
Em sua opinião, viajando com Ellen Church, uma profissional acostumada a cuidar de seres humanos muitas pessoas se convenceriam de que subir às nuvens não era tão arriscado como supunham.
Além disso, alguma vezes os passageiros realmente precisavam de socorro. Os aviões não tinham pressurização.
Os passageiros enfrentavam enormes diferenças de temperatura e o ruído dos motores era quase insuportável.
Há 80 anos, na manhã de 15 de março d 1930, um trimotor com capacidade para 12 passageiros, decolou de Oakland para Chicago.
A bordo estava a ousada Ellen, primeira aeromoça da história.
A novidade fez sucesso e ela foi encarregada de treinar outras sete enfermeiras para formar a equipe pioneira de uma profissão de elite.
O salário era ótimo: 125 dólares por mês.
Como os corredores dos aviões eram estreitos e o teto muito baixo, as candidatas tinham que ser magras e medir no máximo 1.62m.
Todas as empresas imitaram a Boeing.
Anteriormente, o serviço de bordo era realizado pelo co-piloto. Muitas vezes ele se limitava a carregar a mala do passageiro, ajuda-lo a subir a escada do avião e, para desobstruir os ouvidos no ar, oferecer-lhe Chiclets, a inventiva goma de mascar, lançada em 1906 por Cadbury Adams.
A comida que as aeromoças entregavam era modesta. Resumia-se a um sanduíche embalado em papel encerado e café em copo de papelão.
Em 1934 a American Airlines adquiriu um avião com capacidade para 18 passageiros, e introduziu comida mais substanciosa a bordo, oferecida em uma caixinha.
Passados dois anos, a concorrente United Airlines ao voar com um avião com capacidade para 21 pessoas, deu o troco.
Instalou em um hangar a primeira cozinha de preparação de pratos elaborados. Em princípio, inaugurou o catering aéreo.
Inicialmente, os passageiros comiam em terra, no restaurante do aeroporto. Só depois as preparações passaram a ser embarcadas em recipientes térmicos, que as mantinham quentes por duas horas.
Dois inventos revolucionaram a comida a bordo: a técnica de congelamento rápido e a invenção do forno de convecção, substituída atualmente pelo de micro-ondas.
No âmbito doméstico, a multiplicação dos vôos de baixo custo e a guerra das tarifas tem difundido a praxe do passageiro pagar a bordo o que consome.
Em viagens internacionais, porém, a comida continua sendo um diferencial para atrair clientes.
Adaptado de Dias Lopes, do Estado de São Paulo, em homenagem ao ex comissário da Real Transportes Aéreos Octávio Medeiros de Albuquerque.