Já de volta a Holanda, onde se compram jornais em idiomas compreensíveis? Li esta notícia redigida em Ferrara. Diz: Oriano Caretti começou a acordar com a terra tremendo. Despertou totalmente ao ouvir o barulho de trinta toneladas de formas de parmesão desabando no depósito próximo de sua casa. Dá para imaginar a surpresa; o último terremoto na região havia sido no século 14.
Este terremoto (de 6 graus) que castigou a região ao norte de Bolonha arrasou prédios multisseculares e causou enormes danos à mundialmente famosa produção regional de queijos. O grupo la Coldiretti informou que 400 mil queijos parmesão e grana padano foram danificados ao caírem das prateleiras. Prejuízo na agricultura, morte de gado e maquinários destruídos na área delimitda por Bolonha, Modena e Mantua foram estimados em 250 milhões de euros. Considerando que ali estão dois anos de trabalho de sete empresas, dá para se imaginar a repercussão econômica, disse também Caretti entre suas derrubadas prateleiras de madeira, das quais apenas 1 das 16 originais ficou de pé. Muitos queijos ficaram aparentemente intactos, mas os funcionários ainda estão verificando o que pode ser feito antes que o mofo ataque. Fábricas de outros produtos da região também foram atingidas, mas nenhum setor foi tão golpeado quanto o dos queijos artesanais. No total, uns dez antigos barracões de envelhecimento e pequenas queijarias sofreram danos que atingiram diretamente 300 mil queijos, metade dos quais ficaram pelo menos parcialmente inutilizados.
Em alguns casos, dá para recuperar as peças e mudá-las para outros depósitos, para que terminem de envelhecer. Queijos parcialmente atingidos poderão ser aproveitados para o setor de alimentos industrializados – mas valendo apenas uma fração do que valeriam intactos- os queijos Parmigiano e Reggiano, por exemplo.
Entretanto, apesar da enorme desolação, Oriano Caretti já recomeçou. “As vacas não param de dar leite”, filosofa o queijeiro.