Sempre admirei o Luiz Fernando Oderich pela sua liderança industrial, pela ONG Brasil Sem Grades e pelos seus artigos. Raros, mas contundentes.
Hoje transcrevo o de 7 de novembro e lamento tê-lo diminuído, mas está em Z.H..
“Não é apenas a perda da BMW para Santa Catarina. Estive há pouco tempo em Pernambuco, um fervilhante canteiro de obras, e é voz corrente no comércio, que mais de cinquenta novas fábricas estabelecem-se por lá. O desenvolvimento é tão grande que o governador tem uma popularidade absurda.
Nós ficamos cantando glórias passadas. Sacrificamos o presente e o futuro para honrar um equívoco do passado. Mais de 50% da receita do Estado é destinada ao pagamento dos aposentados. Outro naco importante paga uma dívida gerada pela dificuldade passada em honrar salários.
Quando as leis foram criadas, havia uma previsão atuarial para justificá-las. Depois Ele nos deu mais tempo de vida. Deus é o neoliberal, ao aumentar nossa expectativa de vida. Isso geraria três alternativas – trabalharmos mais tempo, aumentarmos a taxa de contribuição ou diminuirmos nosso ganho depois de aposentados.
Os deputados conseguiram criar uma opção pior. Não fazer nada. Desse modo, agora não é possível pagar corretamente quem trabalha. Tiramos verbas da educação, da segurança, da saúde, da infraestrutura, para pagar quem descansa. Os servidores inteligentes entenderão que não sou contra eles. O futuro que se nos avizinha é o da Grécia, onde nem isso é possível.
Os equívocos não param por aí. Impedimos o surgimento de criação de camarões no litoral. Animal exótico? Tão exótico quanto o cavalo, a galinha e a ovelha. Enquanto isso, deixamos crescer uma favela na cabeceira do aeroporto. Porto Alegre expulsa suas indústrias, mas não consegue tirar do chão nosso ‘Porto Madero’. Construímos ‘espaços culturais’ que, para funcionar consomem recursos públicos, e temos um ridículo centro de exposições que poderia gerar empregos. Deixamos morrer nosso comércio de rua, que tem a nossa cultura, por falta de estacionamento. Os americanos são claros ‘no parking, no business’”.