A ideia era escrever sobre bacalhau, um dos pratos de resistência no Natal italiano, ou seja, dos meus antepassados (a não ser que alguém tenha pulado a cerca). Aliás, a participação do idioma italiano – que se tornou o oficial – na comercialização do bacalhau, me surpreendeu.
Só fiquei sabendo disso bem longe daqui ou da Itália. Foi nas ilhas Lofoten. Claro que você não sabe onde ficam. Mas não se preocupe, ninguém, salvo o Amyr Klink e os noruegueses, sabe. São na costa norte da Noruega, uma fileira de ilhas e ilhotas que protegem a costa, o que favoreceu para que pequenas baías se tornassem sede de companhias pesqueiras (sinto decepcioná-los, mas bacalhau não é um peixe, é um sistema de conservação; quatro espécies de peixe são mais usadas – mais ou menos como o charque: nunca sabemos a raça da vaca; eles, os especialistas, sabem, mas raramente o consumidor).
Pois ali, nessas longínquas ilhas sem vegetação, existe o Museu do Bacalhau. E fica-se sabendo coisas curiosas – inclusive que bacalhau tem cabeça, embora você jamais a tenha visto. E para onde ela vai? Para a África; o maior comprador é a Nigéria, que, depois, exporta para os vizinhos.
Os africanos, em geral, fazem aquelas comidas de tacho ou panelão que conhecemos no Brasil africano e acrescentam as cabeças de bacalhau. Nunca provei, mas devem ser ótimas. Se você já comeu, em Santa Catarina ou no Nordeste, sopa de cabeça de peixe, vai me dar razão.
P.S. Se você se interessa pelo assunto, há um livro chamado Bacalhau, que me foi dado pelo Nestor Hein, com tudo o que se gostaria de saber sobre sua história e sua importância na época das navegações. Achei dentro do livro o roteiro para a visita do museu que ilustra a postagem. É longo para publicar – e, convenhamos, não deve interessar a muitos. O que interessa é o bacalhau no prato. E, como de hábito, o que vou comer no dia 24 é o de sempre. Feito pelas Duas Marias, que estão voltando da Santa Terrinha com receitas novas. Acho que é tarde para você conseguir este ano, mas, se você aprecia o prato, guarde este número: 51 9645-3511.
Voltando ao Museu do Bacalhau, como disse, tenho o roteiro da visita (em inglês e italiano). Se lhe interessar, não custa fazer um xerox e mandar, por conta do Viajando, em agradecimento à companhia que me fizeram neste ano. O melhor, é claro, sería você ir até lá. O nome da primeira ilha é A. isto mesmo, só a primeira letra do alfabeto.
Esses vickings têm cada uma!