
De uns meses para cá, chegar ao Peru está bem mais fácil. Vôos diretos são sempre um estímulo. Além das sugestões da postagem anterior, um dos passeios que podem ser feitos, enquanto seus filhos vão surfar, é uma visita a Nazca. Falo de uma pequena cidade a uns 250 km ao sul de Lima – e seria mais uma pequena cidade na beira da Rodovia Panamericana, não fossem as linhas de Nazca.
Aqueles desenhos de imensas dimensões compõem um inquietante e misterioso mosaico no deserto, conhecido por Linhas de Nazca, que tem também figuras de triângulos e representações de animais tão distintos como baleia, aranha e macaco, que se enfileiram, rabiscadas para sempre em sulcos de areia ao sul da reserva natural de Paracas. E, para confundir ainda mais, os curiosos têm também um beija-flor, um mosquito e uma aranha, estes habilmente desenhados.
A origem dos desenhos divide os cientistas. Para alguns, os traçados representariam o modo de vida dos ancestrais da região – não consigo captar porquê. Outros acreditam que seria, isso sim, um elaborado calendário dedicado à agricultura, por meio do qual era possível conhecer o ciclo das chuvas e definir o que plantar. Também não consigo entender como funcionaria. A única certeza é que se trata de um espetáculo único.
Após uma breve apresentação das teorias mais difundidas acerca das linhas, pode ir vê-las, mas, ao nível do chão, não se vê nada. Portanto, foram feitas para quem? A melhor maneira de visualizar os desenhos e suas dimensões e vê-los de verdade é embarcar num dos monomotores que sobrevoam a região. O vôo custa US$ 60,00 e dura mais ou menos meia hora. O que posso afirmar é que, quanto menor e mais lento, mais proveitoso é o vôo. No meu caso (que também sou piloto), por camaradagem, quem me conduziu concordou em tirar a janela do Piperzinho, favorecendo muito a mim nas fotografias. Mesmo assim, devo dizer que as da NASA, tiradas a quilômetros de altura, eram muito melhores.
Se você é antiaéreo, tem uma alternativa: apreciar as linhas de cima dos mirantes construídos perto da estrada que corta a região. As torres têm uns 4 a 5 andares de altura (seus joelhos podem doer, mas vale a pena). Afinal, você não foi tão longe para ficar olhando fotos. E, quando alguém perguntar se eram os deuses astronautas, você poderá dar o seu palpite.
A descoberta das linhas é bastante recente, tem uns 50/60 anos. É até fácil de confirmar. Foram os pilotos dos primeiros vôos pela costa do Pacífico que viram as imensas linhas retas que ali existem, e depois as figuras. Os tripulantes que faziam os primeiros vôos tipo Los Angeles – Santiago é que comentavam sobre elas. A estória se espalhou, vieram os curiosos, os cientistas, os pesquisadores e a NASA lá de cima. Mas, até hoje, ninguém tem certeza se os deuses eram astronautas. Nem o Von Daniken.