Duas professoras catarinenses estão entre os 10 vencedores da 16ª edição do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10, divulgado há poucos dias. Seus trabalhos foram selecionados entre mais de três mil inscritos. Confira abaixo a íntegra da entrevista com as professoras Nota 10:
Rosiane Ribeiro Justino
Professora de Língua Portuguesa do 3º ano da Escola Municipal Dr. Sadalla Amin Ghanem, em Joinville. Ela desenvolveu o trabalho Conhecendo os Felinos Brasileiros, baseado na leitura e produção de texto.
Qual a importância deste reconhecimento?
A importância maior é a valorização. Além de ser um sonho, há alguns anos eu conheço o Instituto e venho me aperfeiçoando para participar do Prêmio, leio bastante sobre ele. Esse projeto já é a segunda vez que eu produzo ele, esse ano eu criei ele em outra forma, já revisado, aprimorado. A primeira versão foi em 2011. O reconhecimento do trabalho que a gente vem fazendo. Eu sempre quis chegar entre os dez finalistas. Em 2011 eu já tinha participado e fiquei entre os 50, esse ano fiquei entre os dez.
O prêmio poderá servir como multiplicador do projeto?
Com certeza! Um dos objetivos de eu querer participar da premiação é de ter a certeza que meu trabalho vai ser divulgado e também existe a possibilidade de outros profissionais aplicarem ele. A proposta de dar certo pra mim é porque tu garante o conhecimento com ele. Os alunos se apropriam da leitura, e eu não tenho que guardar isso, tenho que compartilhar.
Qual foi a principal contribuição pedagógica em sala de aula?
Foi a evolução na leitura e na escrita dos alunos. Quando eu recebi a turma, eles eram alfabetizados, mas não davam conta de produzir um texto coerente, com pontuação e estrutura. A leitura deles ainda era inicial, sem ritmo, sem fluências. Com o projeto consegui que meus alunos tenham fluência e compreensão de textos, já conseguem compreender as entrelinhas e ampliaram o vocabulário. Eles tiveram uma autonomia na leitura, garantindo também uma produção textual boa e de qualidade.
Como os alunos receberam a ideia?
Foi bem legal, comecei o projeto no final de fevereiro, logo no início das aulas eu já apresentei perguntando se eles sabiam o que eram os felinos. Eles foram me falando o que acharam, surgiu vários conceitos. A partir dali eu trouxe um vídeo mostrando o que eram e eles se apaixonaram. Perguntei o que eles queriam saber dos felinos e com as dúvidas deles eu fui levando as leituras. Eles se encantaram, foi maravilhoso. Se empolgaram demais. Ficaram curiosos com os animais que ainda não conheciam. Faziam até pesquisa na sala de informática e eu fiz um caderno específico pra esse projeto.
Qual maior dificuldade?
A parte mais difícil foi a parte do produto final, montar o livro. Isso eu considero que foi difícil. E também houve saída de aluno da turma e eu tinha que reorganizar o agrupamento, mas foram poucos casos. A direção do colégio me deu apoio em tudo, tudo que eu precisava eles ajudaram, foram bem parceiros.
Simone Carvalho da Silva
Professora de Matemática do 6º ao 9º ano da Escola Municipal Ivo Silveira, em Capinzal, Meio Oeste. O projeto consiste em dividir a turma em pequenos grupos com monitores auxiliando no aprendizado dos próprios colegas durante as aulas de matemática.
Qual a importância deste reconhecimento do seu trabalho?
Pra mim é uma coisa muito feliz, meu trabalho deu certo, eu vi os resultados. A criação do projeto foi durante as férias e ele foi implantado no inicio do ano e está sendo até o momento. Então, ele teve pouco tempo de aplicação, mas já mostrou resultados bons. Esse reconhecimento não tenho palavras para justificar. Foi muito importante, mais a nível de mostrar a inovação no processo, que ele é sim possível. É necessário, tem que acontecer e aconteceu. Deu certo, mostrou resultados, mostrou competência e mostrou a mudança possível.
O prêmio poderá servir como multiplicador do projeto?
Isso seria um sonho. Eu acredito muito nesse projeto e estou produzindo um blog onde vou disponibilizar, pra quem quiser olhar, o projeto e as atividades realizadas. Se Deus quis que na minha escola desse certo, eu acredito que dará certo em outras escolas. O ensino da matemática pode dar certo. O blog já está em fase de construção. Vou mostrar as atividades diferentes e a inovação.
Qual foi a principal contribuição pedagógica em sala de aula?
Quando eu vejo adultos me falando que não gostam de matemática, me dói muito. Os meus alunos passaram a ver a matemática sem medo. Com formas, cores, sabor e cheiro. Ver a matemática com outras sensibilidades. Os pais dizem pros filhos: Hoje você não pode faltar a aula porque tem aula de matemática. Ainda existe a resistência e o projeto veio pra quebrar isso. Hoje meus alunos gostam da matemática, pode não ser a disciplina preferida deles, mas não existe mais o medo, existe a vontade de aprender.
Como os alunos receberam a ideia?
Tive que trabalhar bastante essa parte com eles para que eles pudessem conhecer já que era uma coisa nova. A partir do momento que eles começaram a ver as atividades que eles iam desenvolver, quem fazia parte dos monitores ficou feliz. Tivemos poucas trocas de monitores e as que tivemos foi porque os alunos escolhidos não tinham os quesitos necessários. Os que continuaram no projeto, estão sempre melhorando. Tem os que querem entrar que procuram se encaixar no grupo.
Qual maior dificuldade?
Teve dificuldades sim, mas graças a Secretaria da Educação que aprovou o projeto deu tudo certo. O maior problema foi o espaço físico da escola, mas a gente dá um jeito. Usamos salas que ficam livres… E alguns outros pequenos detalhes que já foram resolvidos durante a incentivação do trabalho. A comunidade, a Secretaria de Educação e a Diretoria da Escola me deram todo o apoio.