Muito tem se falado da atuação do juiz Sérgio Moro na operação Lava-Jato. Qual o perfil do novo magistrado?
A partir do final do século 20, o Judiciário ganha força com igual importância dos poderes Executivo e Legislativo em todo o mundo. O descrédito nas instituições políticas tradicionais aumenta essa relevância, como se vê hoje no Brasil. Para atender às novas demandas de uma sociedade cada vez mais complexa, o novo juiz precisa ter habilidades muito além do que se ensina nas escolas de Direito, desde a psicologia até a administração, passando pela economia, sociologia e informática.
De que forma ele é preparado para a carreira?
Antoine Garapon, magistrado francês, descreve o juiz como um “engenheiro social”, que deve estar qualificado para buscar soluções para os problemas da sociedade. Não há respostas prontas, é preciso estar apto para resolver novos problemas que surgem a todo instante. Pelas diretrizes do CNJ, as Escolas de Magistratura promovem a formação dos juízes em três fases: preparatória (antes do concurso, como faz a Esmesc), inicial (como etapa obrigatória, durante a seleção) e continuada (periódica, necessária para a ascensão na carreira).
A tendência é uma magistratura cada vez mais combativa e intolerante à corrupção?
A magistratura sempre foi combativa e intolerante à corrupção. O que acontece hoje é fruto de uma atuação mais intensa, com a chamada “judicialização da política”, em razão dessa maior intervenção do Judiciário no espaço público, e que por isso ganha mais visibilidade. Com um quadro de juízes bem preparados e o uso correto das ferramentas jurídicas, a tendência é um ganho de qualidade e cada vez mais resultados para o futuro.