Confesso que estava na dúvida sobre o que esperar das manifestações desta sexta e de domingo, dia 15.
Por experiência em outras coberturas, aprendi que uma coisa é clique confirmando presença em rede social. Outra, bem diferente, é botar a carinha na rua.
Mas agora, com base nas últimas adesões públicas, tudo ficou claro e cristalino. Sim, vai dar gente na rua domingo. Bem mais do que se viu nesta sexta-feira.
Até porque, várias entidades empresariais estão convocando seus associados a participarem. O principal, sem dúvida, é o manifesto público assinado pela Maçonaria Catarinense.
Mas também tem Câmaras de Dirigentes Lojistas de vários municípios, além de Facisc, Acif, OAB-SC e até Fiesc (discretamente). Todas, não por coincidência, tem ligações com a outrora ordem secreta.
Ainda não surgiu ninguém com a virulência de um Carlos Lacerda em 1954 para comandar o teatro, mas o link com a turma da Família, Tradição e Propriedade já está posto. Onde esta história terminou todos sabemos.
Aliás, tendo a acreditar que a pauta difusa das manifestações também joga contra os dois lados. A ideia das centrais sindicais era reunir um manifesto em torno da defesa da democracia, pela Petrobras e manutenção dos direitos trabalhistas.
Só esqueceram que a população está, sim, pra lá de revoltada com a economia. A tal bolha do desenvolvimento até aconteceu. Mas a cobrança veio com juros. E de taxa Selic pra país nenhum botar defeito, entre as maiores do mundo. A conta de luz está um assalto. A inflação corrói os salários.
Falta água, falta saúde, segurança e educação. Falta vergonha na cara dos governantes. E convocar manifestação para uma sexta-feira, 14h, em pleno horário de trabalho, é pouco sensato. Afinal, a maioria estava em pleno expediente de serviço.
Tão insensato quanto uma manifestação para tentar derrubar uma presidente eleita, sim, pela maioria.
Em que pese, até o presente momento, não existir nenhuma prova contra ela.