O sonho de mais de 12 mil metaleiros foi realizado na noite desta quarta no Gigantinho, em Porto Alegre. Ozzy Osbourne, a maior lenda viva do heavy metal, se apresentou em grande estilo e levou ao delírio aqueles que sempre sonharam em vê-lo em carne e osso. Como vem acontecendo na turnê Scream, o astro intercalou sucessos de sua carreira solo com hits dos tempos de Black Sabbath.
Nota zero para os organizadores do show. O espetáculo estava marcado para as 21h, mas a banda de abertura, Gunport, entrou no palco por volta das 20h, quando ainda havia fila perto do Gigantinho. Pontual em excesso, Ozzy entrou no palco antes do horário previsto. Um dos portões de acesso à pista foi fechado por um produtor antes do público entrar, forçando os fãs a entrarem pelo outro, que, por sua vez, congestionou, causando confusão e desencontros.
O fato leva a uma reflexão: não seria o caso de um espetáculo de tal magnitude acontecer em um local maior? Falta em Porto Alegre uma praça para sediar este tipo de evento?
Gunport mostrou um metal honesto. Com pouca velocidade, porém com guitarras pesadas, uso de teclado na medida certa e um vocal competente. Mesmo assim, foi hostilizada pelos mais impacientes, que pediam logo por Ozzy Osbourne.
O ídolo entrou no palco disposto. De nada lembrou a figura catatônica da entrevista que foi ao ar no último domingo no Fantástico. Andava pelo palco, gesticulava. Jogou água no público e na própria cabeça usando um balde. E pedia ao público:
— Enlouqueçam!
Por ser quem é, Ozzy pode se dar ao luxo de tocar ao lado de músicos de muita qualidade. Destaque para o guitarrista Gus G e para o baterista Tommy Clufetos, donos de uma técnica muito apurada.
Faltavam cinco minutos para as 21h quando o senhor entrou no palco, com o andar curvado, mas cheio de vontade. Talvez tenha sido a única pessoa da história a não levar vaias enrolado em uma bandeira do Grêmio em pleno Gigantinho. Afinal, iniciou um clássico: Bark at the Moon. Em seguida, entoou Let Me Hear You Scream, a faixa do novo disco que dá origem ao nome da turnê. O ginásio foi abaixo.
O espetáculo estava só começando. O público vibrava muito. E Ozzy mostrava que pode ter inúmeros problemas, mas ainda é bom no que sabe fazer. A vibração ficou ainda maior quando o ídolo entoou:
— Mister Crowley…
Era a música dedicada a Aleister Crowley, considerado um dos maiores magos da história recente. Mais um clássico, que foi seguido de I Don’t Know.
A partir da quinta faixa, entravam no repertório também os clássicos do Black Sabbath. O primeiro deles foi Fairies Wear Boots, despertando o saudosismo dos velhos fãs da banda pioneira do heavy metal. A polêmica faixa Suicide Solution foi a seguinte. Mas a platéia se arrepiou mesmo quando Ozzy cantou War Pigs, mais um som do Sabbath, emendado a Shot in the Dark. Os fãs se deleitaram com os solos de Gus G e baterista Tommy Clufetos. Depois, cantaram juntos mais um clássico: Iron Man. Ozzy saiu de cena, e a banda executou a instrumental Rat Salad, outro cover do lendário grupo de metal.
O show parecia estar encerrando com I Don’t Wanna Change the World e Crazy Train, hit que foi cantado pelos milhares de fãs em êxtase. Mas o palco ficou vazio por pouco tempo. Ozzy e sua banda voltaram para o bis em tempo recorde. E muitos isqueiros foram acesos na plateia ao som da balada Mama, I’m Coming Home.
Em seguida, Ozzy se mostrou aquele egocentrismo que os fãs já conhecem ao pedir a si mesmo a execução de mais uma música. Afinal, ainda faltava o clássico dos clássicos, talvez o maior hit da história do heavy metal: Paranoid. Depois de cantar e pular a empolgante música, chegou a hora de acordar. O sonho de ver de perto o maior símbolo de um estilo musical foi realizado. Muitos carregavam consigo aquele sentimento que só quem vê seus ídolos conhece: o de quem diz “já posso morrer”.
Depois de POA, Ozzy segue para shows em São Paulo (dia 02), Brasília (05), Rio de Janeiro (07) e Belo Horizonte (09).