Apontam fuzis para Luigi e Pífero, como se fossem eles os causadores dos fiascos dos últimos tempos. Reclamam da saída de Iarley como se ele estivesse fazendo diferença na equipe. Lamentam o tom dos discursos dos dirigentes como se eloqüência verbal fizesse gols e ganhasse jogos.
Encontram culpados em todos os lugares, menos aonde eles estão concentrados. E assim, empilhando diagnósticos equivocados, o Inter já acumula 17 meses de justificativas para fiascos reiterados.
Os fracassos de 2007 foram amenizados pelos festejos produzidos em 2006. E 2008 nasce sob o signo da auto-suficiência e da arrogância dos donos do futebol colorado, entre os quais não se alinha dirigente algum. Assim, entre treinamentos fechados e reuniões das equivocadas lideranças, foi desmantelado o time e o espírito que o tornou vencedor.
Esqueceram como o Inter jogava em 2006, quando a qualidade técnica emparelhava com esforço coletivo, também conhecido como humildade.
Hoje, todo o mundo acha que é Cruyff e ninguém quer ser Caçapava. Os defensores foram estimulados a avançar, atacar, como se os adversários não existissem ou tremessem de medo diante das investidas quixotescas dos zagueiros e volantes colorados.
Alex, que em 2006 era um operoso meia-esquerda que marcava, armava e até finalizava, hoje está transformado em atacante que desdenha das tarefas operárias. Estas são apenas algumas das transformações que foram impostas, silenciosamente, por Abel Braga e a sua corte. Qualquer dirigente que se atrevesse a interferir se submeteria ao risco de ser bombardeado por alguma declaração pública do tipo “estão querendo intervir no nosso trabalho”, o que significaria colocar em risco o próprio Beira-Rio.
A turminha que manda no futebol é intocável. A culpa é de quem administra, corre atrás do dinheiro, mantém bons salários e bichos em dia, estes são os responsáveis, no entendimento dominante. Quando a culpa não é de algum comentarista “inimigo” que se atreve a denunciar, por exemplo, que treinamentos fechados não objetivam surpreender adversários mas, sim, esconder as bobagens que são arquitetadas pelos donos da verdade.
O time do Inter começou a ser desmontado em 2007 com a revogação dos valores vitoriosos de 2005 e 2006. Não é fenômeno recente. Quem comandou o desmonte, sentindo que o barco fazia água, mudou de endereço. Fique à vontade quem quiser encontrar chifres em cabeça de cavalo.
Quem escala, orienta e determina estratégias não está em gabinetes climatizados ou nas redações. Mas, se é para preservar de críticas os ídolos de conquistas passadas, como se títulos pretéritos justificassem um presente repleto de desmandos, então sigam buscando explicações nas imediações do núcleo de responsabilidades. Mas, se preferirem um diagnóstico ajustado com a realidade, relembrem como se organizava e qual era a atitude da equipe que vencia em 2006.
E não caiam na tentação de concluir que houve decréscimo técnico com a substituição de alguns jogadores. Os recursos humanos existentes no Beira-Rio continuam sendo valiosos.
Postado por Wianey
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