Ricardo Teixeira, presidente da CBF, foi enfático: Dunga continuará sendo treinador da Seleção Brasileira, apesar do fracasso na Olimpíada. Mas, deixou escapar que as Eliminatórias, sim, podem determinar a continuidade ou interrupção do trabalho de Dunga.
Só cabe uma explicação para a decisão de Teixeira: ele reconhece que a Seleção Olímpica não teve condições de fazer uma boa preparação, Ronaldinho Gaúcho frustrou as suas próprias expectativas e, por que não, a Argentina foi melhor. A propósito da maneira como o Brasil foi alijado da disputa do ouro, recebi um interessante relato que reproduzo, a seguir:
“Caro amigo Wianey, gostaria de relatar um fato que observei na entrada da escola onde meu filho estuda:
Pois bem, na entrada da escola existe um pátio, ou uma área, onde os meninos se reúnem para um bate bola, quase sempre com a velha e saudosa bola de meia, antes do “sinal” de entrada para a sala de aula. Sempre fico observando aqueles meninos e lembrando dos meus tempos de guri, quando sonhava ser um Falcão, um Zico ou, quem sabe, até um Pelé, por que não.
O fato que me chamou a atenção foi a escalação dos times que os meninos faziam: sou o Riquelme, dizia um, sou o Messi, dizia outro, sou, olha só o Sr., o Masquerano, e, não ouvi de nenhum dos garotos, sou um Ronaldinho Gaúcho, ou um Pato, um Anderson, ou até mesmo um Kaka.
Fiquei ali pensando pois já tinha visto a mesma cena a alguns anos atrás quando vi surgirem Tierrys, Materazis, Zidanis e nenhum Ronaldo, nenhum Roberto Carlos.
Pois olha Wianey, com a garra que aqueles meninos corriam atrás daquela bola de meia, comecei a sonhar alto. Comecei a ver surgir, ali, uma geração de HOMENS famintos pela glória da vitória e não dos flashs dos jornais, revistas e das baladas. Meninos que se espelham em pessoas que choram e lutam pelo seu PAÍS, por sua Pátria.
Fiquei feliz, naquele instante, pois logo após ter sido abatido pela decepção da atuação de Dunga, o grande CAPITÃO e seus comandados, vejo ali, diante dos meus olhos, uma nação ressurgindo, ao som do hino Argentino, mas renascendo, sem vaidades, sem estrelismos, mas com GARRA, muita GARRA.
Atenciosamente,
Luiz Alberto Dri – DESIGNER – SANTA MARIA-RS”.
Caro Luiz Alberto, o futebol brasileiro sofreu uma mudança radical da sua rotina, que está afetando as nossas seleções, profissional e amadoras. Há cerca de 30 anos, talvez um pouco mais, o jogador brasileiro via na Seleção o seu trampolim para jogar na Europa, ficar rico, etc. A globalização, entretanto, eliminou fronteiras e aproximou os povos. Hoje, aquela motivação deixou de existir por uma singela razão: quando são convocados, TODOS os jogadores já estão jogando no Exterior, ganhando muito dinheiro. Mesmo garotos. Na Seleção Olímpica, apenas Ronaldinho, Rafinha e Diego tinham mais de 23 anos. Todos os demais eram pouco mais do meninos que, mesmo assim, já estão jogando fora do Brasil.
Esta constatação é triste porque, se estiver correta, leva-nos a conclusão de que vestir a camiseta da CBF e representar o Brasil em competições internacionais só motivava os jogadores brasileiros pela possibilidade de ganhar muito dinheiro. Não havendo mais este motivo, cumprem as suas convocações burocraticamente, desinteressadamente. Patriotismo? Orgulho de representar o seu país? Consciência cívica? Parece que tudo isto falece diante de saldos bancários polpudos. Comparemos as atitudes de brasileiros e argentinos e morramos de inveja.
Para não cometer o pecado da generalização, livremos jogadores como Rafinha e Diego, que brigaram com os seus clubes para disputar a Olimpíada, e os gaúchos Lucas, Ânderson e Rafael Sofis — sem patriotada — que lutaram até o fim para bem representar o Brasil. Mas, o que dizer, por exemplo, de Ronaldinho e Kaká? Este nem se empenhou para ser liberado pelo seu clube.
Enquanto isto, atletas de outras modalidades desesperam-se se não conseguem oferecer uma medalha para o seu país e os que conseguem, fazem das suas primeiras palavras, após o feito realizado, uma homenagem ao Brasil. E são, quase todos, pobres e sacrificados desportistas, que dispõe apenas dos seus ideais e força de vontade. Quanta diferença para os milionários jogadores de futebol.
Postado por Wianey
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