Contra o Flamengo, pela primeira vez, Tite conseguiu repetir a escalação do jogo anterior. Esta inusitada realidade cobra alto preço. A instabilidade do time, por exemplo. É impossível obter rendimento homogêneo e qualificado sem a reiteração de nomes e idéias em, no mínimo, uns 10 jogos. Exigir mais é tão absurdo quanto pretender que se inverta a rotação da terra. Alternar boas atuações com outras insatisfatórias é normal neste período de afirmação. De nada adianta ficar brabo, esbravejar, pedir a cabeça do treinador.
Este blogueiro recebeu inúmeros e-mails de colorados questionando as substituições feitas por Tite. As principais reclamações:
1 — O treinador deveria ter substituído Alex por Taison e, não, por Adriano.
Pode ser, mas se esta pretendida troca não resultasse em vitória, se diria que Tite foi medroso, deixando apenas um atacante, Nilmar. O treinador não quis abrir mão de força ofensiva, jogando em casa. E se o ingresso de Taison foi positivo contra o Palmeiras, convém lembrar que cada jogo tem as suas próprias circunstâncias. Sem considerar que é tido sem criatividade o treinador que repete, sempre, as mesmas mudanças. Neste caso, substituição de Alex, a grande culpa é do azar. Alex não tem substituto. Ele é único. O Inter depende dele.
2 — Tite transferiu Rosinei para o meio-campo e mandou Taison para a ala-direita, é outra reclamação.
Considerando que Magrão tivesse cansado — estava jogando bem? — foi razoável que Tite o substituísse na função por Rosinei, mais vocacionado para a marcação do que Taison. Não poderia deixar apenas Guiñazu com a responsabilidade de conter o meio-campo do Flamengo. Além disso, Taison é veloz, sabe atacar pelos flancos. Teoricamente, tem aptidões para jogar como ala.
3 — Valter e Guto desapareceram, lembram. É verdade. Neste espaço, várias vezes foi defendido o aproveitamento dos garotos. Era preciso colocá-los em campo para conferir o que poderiam produzir. Ambos, com Tite, tiveram oportunidades e não corresponderam. Culpa de Guto e Valter? Não, claro. Jovens têm mais chances de se dar bem quando entrar, paulatinamente, em uma equipe pronta, organizada. Não foi o caso dos dois atacantes. Foram escalados para resolver os problemas do time. Nestas circunstâncias, o fracasso é, quase sempre, uma probabilidade.
4 — Clemer falhou, mais uma vez. Culpa do treinador? O Inter, que inflacionou a sua folha de pagamentos após as conquistas de 2006 — é o custo por tentar manter o time campeão do mundo — precisa vender jogadores para enfrentar as suas despesas. Por este motivo, negociou Renan e ficou com Clemer. O veterano goleiro entrou em linha descendente. Tem cometido falhas graves em quase todos os jogos. O que deve fazer o treinador?
5 — Rosinei foi contratado para ser reserva e, eventualmente, substituir Guiñazu, que quase deixou o Beira-Rio. Está sendo aproveitado na ala-direita por absoluta falta de alternativa. Welington Monteiro sempre “quebrou o galho” nesta função, que não é a sua. Mas, ser escalado para jogar após longa parada, foi demais. Não quer mais jogar na ala. Quem, então? Ricardo Lopes? Ângelo? Bustos?
Tite não empolga parte da torcida colorada porque o próprio clube, antes de contratá-lo, se encarregou de propagar que o treinador seria gremista, uma bobagem inominável. Além disso, não gostam do discurso de Tite. Querem saber de uma coisa? Eu também não gosto. Acho que é chato, repetitivo, pastoral demais. Mas, o que isto tem a ver com as suas idéias, capacidade de trabalho, conhecimentos de futebol? Tite é um bom treinador que, como todos os treinadores, erra e acerta. O índice de acertos de Tite, é maior do que os seus equívocos. E, como qualquer técnico, precisa de tempo para armar e entrosar o time.
Na montagem de um time, não existe acelerador.
Postado por Wianey
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