Bastou esquentar a especulação de que Muricy Ramalho poderia substituir Dunga na Seleção Brasileira para que despertasse uma inusitada paranóia: a CBF estaria aceitando a indicação que seria da Globo e ficaria muito melhor se o substituto de Dunga fosse o treinador campeão brasileiro. Ora, assim já está demais. É quase loucura.
Muricy, penso, dificilmente seria convidado para dirigir a Seleção Brasileira. Não seria por falta de competência, que Muricy está colocado entre os principais treinadores do país, apesar das suas teimosias. O problema é que o treinador da Seleção fala em nome do país, para o mundo. Durante uma Copa do Mundo, nem o Presidente da República concede tantas entrevistas internacionais como o treinador da mais festejada seleção do Brasil. É aí que mora o problema.
Muricy é o patrono das grosserias. Nenhum treinador é tão mal educado como ele. E esta não é a minha opinião, mas o que se pensa no centro do país. Juca Kfouri, há poucos dias, fez a mesma restrição. Ora, um treinador da Seleção Brasileira não pode agir como um troglodita, durante um Mundial. Precisa tratar com educação a imprensa do mundo inteiro pois, quando fala, está representando o seu país.
Sei que alguém lembrará Luiz Felipe Scolari, que está muito distante de ser um gentleman. Mesmo assim, os arranhões que dava na etiqueta — agora Scolari está mais refinado, sociável — eram insignificantes perto do que Muricy costuma fazer.
Não sei se Muricy Ramalho será convocado para treinar a Seleção Brasileira. Nem tenho certeza de que a CBF esteja pensando em substituir Dunga. Mas, se for oficializado um convite para Muricy, não teria como efeito indevidas proteções ao São Paulo. Aliás, quem conhece os bastidores do futebol brasileiro, sabe que não é conveniente convidar os dirigentes da CBF e do São Paulo para o mesmo jantar. Eles são bicudos, impossível que se beijem.
Simplificando: o São Paulo não é amigo da CBF e vice-versa.
Postado por Wianey
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