Acarinhada pela torcida gaúcha e tendo pela frente um adversário de sofríveis condições técnicas, a Seleção Brasileira desfrutará de condições privilegiadas para deletar a imagem negativa saída de Quito e, reenergizada por uma atuação convincente, tomar com autoridade o último trecho deste caminho classificatório, espantando um certo pavor que conspira contra o sono dos brasileiros.
Dunga, até aqui, cumpriu a missão de renovar a nossa seleção, ainda que parcialmente. Pesa-lhe, indispensável entender, a precariedade de soluções disponíveis para algumas posições. O Brasil não conseguiu formar laterais e volantes com a fartura e qualidade requeridas pelo futebol mais festejado do planeta. Mas, também é verdade que o treinador tem negligenciado a utilização efetiva de soluções disponíveis como Hernanes, Ânderson, Alexandre Pato, entre outras, em favor de alternativas ditadas pelo saudosismo culposo. Dunga pensa na Seleção como uma família unida e feliz. O torcedor brasileiro quer, apenas, um bom time, capaz de justificar esperança de título, na África do Sul.
Não desperdiço aplausos e reivindicações por autores dos últimos gols. Não é bom critério, aliás, nem é um critério. Mas, Julio Batista tem tamanho e força de que carece esta seleção de muitos pesos-pluma. É um equívoco imaginar que jogadores ecléticos são mais importantes no banco de reservas. Melhor tê-los jogando e ungindo o time com os fluidos positivos da sua versatilidade. Júlio Batista pertence a este grupo seleto e raro de jogadores que não são craques de uma posição mas são bons em tudo o que fazem.
Para quem testemunhou o nascimento de Ronaldinho, comove a lembrança das diabruras divinas que aquele moleque protagonizava para desespero dos adversários, alegria dos seus companheiros e delírio das arquibancadas. Ronaldinho, desde cedo, foi a prova humana de que Deus gosta de futebol e torce pelo Brasil. Sua arte se revelava nos dribles, passes, lançamentos e, principalmente, nos gols. Mas, se o seu talento se expressava das mais variadas maneiras, seu largo e permanente sorriso emoldurava, sempre, a frase única: jogar futebol me faz feliz. O tempo passou e Ronaldinho descobriu outras fontes de alegrias, justo e inalienável direito seu. E o futebol foi ficando pelo caminho. Restou para nós, seus admiradores, reverenciá-lo, agradecidos pelas alegrias que Ronaldinho nos proporcionou. E ao Dunga, coube a tarefa de buscar o substituto ideal para o nosso inesquecível herói. Assim mesmo, sem lágrimas e nem culpas.
Brasil e Peru é um jogo de muitos significados. Vitória brasileira reanima o time, o povão e recupera posição mais condizente com a grandeza do futebol brasileiro, na tabela de classificação. Para os gaúchos, o confronto em Porto Alegre afirma uma recente tradição de apoio incondicional à Seleção Brasileira. E, para o Internacional, é chance valiosa de expor o orgulho colorado pelo Centenário do clube e a prerrogativa histórica de ter o seu estádio recepcionando jogos da Copa de 2014. Um jogo, portanto, de muitos valores. Que vença o melhor. É fácil repetir o clichê quando se tem certeza de que os melhores somos nós.
Postado por Wianey
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