Wianey Carlet

O time principal do Grêmio jogou na segunda-feira, Olímpico, contra o São Luiz. Jogo morno em que alguns jogadores, como Tcheco, passearam em campo. Vitória natural do Grêmio, sem muito esforço. Mesmo assim, Celso Roth, seguindo o repetido discurso da prioridade e do planejamento, levou uma equipe reserva para Caxias do Sul. Resultado: levou uma sacola de gols, um fiasco histórico e doloroso para a torcida gremista, e acabou provocando um Gre-Nal, no fim de semana. Ora, é possível entender que Roth escalasse reservas na véspera do jogo contra o Aurora. Para enfrentar o Caxias, porém, foi um exagero utilizar reservas.

Agora tem Gre-Nal e o Grêmio quer mudar a data para disputar o clássico com o seu time titular. Está deflagrada a discussão. Noveletto, presidente da FGF, avisa que não existem datas. O Grêmio alega que deseja valorizar o Gauchão enfrentando o Inter com a sua equipe principal. Pergunta que se impõe: por que o Grêmio quer usar titulares no Gre-Nal? Se o Gauchão tem importância secundária, segundo o próprio Grêmio faz questão de repetir, que mande reservas para o jogo e que o clássico seja disputado no domingo, como está previsto.Pode até ser bom, para Celso Roth. Com uma equipe enfraquecida, o Grêmio perde o Gre-Nal, sai do campeonato e se dedica, exclusivamente, à Libertadores. E acaba esta lenga-lenga que se reitera a cada rodada. O presidente Duda Kroeff, após o jogo em Caxias, cogitou de disputar o Gre-Nal com titulares. Por quê?

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As gerações que não viveram os 20 anos de ditadura desconhecem quase tudo o que aconteceu naquele período sombrio, já que os fatos são recentes e a história ainda não foi escrita. Tomaram conhecimento do que lhes foi contado pelos mais velhos e olhe lá. Apenas uma pequena parcela da população brasileira domina, amplamente, esse capítulo da história brasileira.

Não pretendo escrever a história, apenas contar uma parte dela: o domínio da censura prévia. A imprensa noticiava o que os censores do governo permitiam. E quase tudo era proibido. Divulgar uma simples epidemia que estivesse grassando em um estado, não podia. Noticiar um crime hediondo, era proibido. Criticar o governo, então, nem se fala. Entrevistas, artigos ou reportagens que mostrassem meros problemas sociais não passavam pela censura prévia. A produção cultural era, totalmente, controlada. Compositores não podiam gravar as suas músicas sem que antes elas fossem examinadas pela equipe de censores, estabelecida em Brasília e comandada por uma certa e sinistra Dona Solange. Valia para a indústria do cinema, teatro, etc. Nas redações de revistas, jornais, etc, nada era publicado sem passar pelo censor. Muitas vezes, os jornais saíam com receitas de bolo, doces, etc no lugar em que deveria estar alguma matéria que fora censurada. Era a maneira possível de protestar contra a falta de liberdade de expressão. Muita gente lutou e até morreu para restituir ao povo brasileiro a liberdade de dizer o que se pensava.

Lembro estes fatos que macularam a história brasileira ao tomar conhecimento de que o Grêmio deverá fechar à imprensa todos os treinamentos, doravante, por efeito da divulgação dos xingamentos de Celso Roth contra Douglas Costa. Quem antecipou esta possibilidade foi o próprio diretor de futebol, André Krieger (ZH de hoje). Única interpretação possível: fecham-se os treinamentos para que a imprensa não possa divulgar o que acontece entre os muros do Olímpico.

Nos anos de chumbo, os governantes garantiam que o país estava em paz. A paz dos cemitérios, retrucava a oposição. Ora, não é porque o Olímpico seja vizinho de cemitérios que esta paz deva ser buscada. Estaria tudo bem se o repórter Luiz Henrique Benfica não estivesse atento ao treinamento e publicado o destempero de Celso Roth? É isto que a torcida quer? Não saber e ponto final?

Que me perdoem os homens que dirigem o Grêmio. São democratas, pessoas educadas e afáveis. Mas não estão percebendo o mal que esta política do silêncio faz ao clube.

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A vitória brasileira era quase inevitável. Seria difícil imaginar o tamanho de um desastre que fosse capaz de produzir outro resultado. O Brasil venceu, mas não empolgou.

Apesar do ambiente favorável, o time nacional retribuiu quase com indiferença. É possível que o cansaço, próprio do fim de temporada européia, esteja conspirando.

Mesmo assim, existe um fato que parece inquestionável: existem muitos jogadores comuns, nesta equipe. Daniel Alves é comum como são comuns Felipe Melo, Robinho e Elano. O nosso selecionado acaba jogando, por efeito, um futebol nada especial, pecado imperdoável para a mais festejada seleção do planeta.

O Peru jogou, exatamente, o que se poderia esperar do pior time sul-americano destas eliminatórias. Assusta que o Brasil jogue tão pouco contra um adversário tão limitado. O sentimento fica ainda mais sombrio quando se pensa em 2010. Será quem dá para pensar em hexa? Será? Dunga atendeu a torcida e colocou em campo, na etapa final, Pato e Ronaldinho.

Parece que existe um único técnico que jamais atende aos pedidos da torcida. Adivinhou?

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