
Paulo Autuori tem uma tese interessante sobre a falta de laterais no futebol brasileiro. Ele entende que a disseminação do 3-5-2 barrou a formação de novos laterais em favor de alas, que pouco marcam e apenas atacam, além de produzir outras deformações táticas. Sobre esta questão, laterais, o torcenauta Kleiton Semensatto da Costa, escreve relatando sua observação pessoal, muito oportuna:
“Caro Wianey
Após ler no teu texto do dia 20/06 que, mais uma vez, os alas do Grêmio não tiveram um desempenho satisfatório diante do Goiás, resolvi te escrever.
Neste final de semana pude acompanhar, pela Major League Soccer (a liga de futebol dos EUA), um bom pedaço do jogo entre San Jose Earthquakes e Los Angeles Galaxy. O San Jose venceu por 2 a 1, mas manteve-se na lanterna da Conferência Oeste; o Galaxy está apenas duas posições acima, com 3 pontos a mais que o San Jose. Os dois times mostraram um futebol sofrível, e seguramente ocupariam a metade de baixo da tabela do Brasileirão, caso o disputassem.
Mas algo me chamou a atenção na partida. Os jogadores que jogavam pelas laterais do campo (em ambas as equipes) faziam um movimento recorrente: recebiam a bola e, após um avanço em direção à linha de fundo, cruzavam para o meio da área. Faltavam bons cabeceadores, mas a bola frequentemente chegava lá. Wianey, consegues perceber? Os laterais do ÚLTIMO e do ANTEPENÚLTIMO colocados da Conferência Oeste da MLS sabem receber uma bola, dominar e cruzar pra área. Ruy e Fábio Santos não conseguem sequer fazê-lo com regularidade.
É tão difícil assim cruzar uma bola na área? O futebol norte-americano está tão à frente do brasileiro, para que os laterais de lá sejam imensamente mais qualificados que os nossos? Não acredito. Acredito, sim, em treinamento à exaustão, até que a ida à linha de fundo e o cruzamento para a área se tornem algo tão natural, mas tão natural, que nossos jogadores virem notícia pela quantidade de cruzamentos efetuados, e não pela dificuldade em fazer algo que – presume-se – é pré-requisito a qualquer lateral que se preze. Um abraço do Kleiton Semensatto da Costa”.
Confesso que não tenho acompanhado o campeonato norte-americano. Mas, diante da informação do Kleiton, prometo que tentarei desviar meus olhares para o futebol daquele país.
Postado por Wianey Carlet
Comentários