
Finalmente, uma visão diferente sobre o Grêmio e a sua campanha. O torcenauta Fabrício Edelwein, gremistão, escreve propondo uma nova discussão:
“Caro Wianey, depois de ter ido ao Olímpico, no sábado, de ter visto um Grêmio perdido e de ter presenciado algumas manifestações, achei que era hora de te escrever para trocarmos uma idéia…
Com um desempenho tão ruim do Grêmio seria uma loucura defender qualquer pessoa que estivesse envolvida ainda que levemente com o time que entrou em campo. Mas farei mea culpa: a torcida também não ajudou.
Isso de lado, vamos a história:
Fui ao jogo com a minha namorada. O sábado estava propício. Fazia horas que havia prometido. Há jogos íamos meu cumpadre e eu. Pensei: é hoje! O Grêmio anda patrolando na Azenha e contra o Vitória (time não mais do que médio), não seria diferente. Mas foi, todo mundo sabe e não é sobre isso que pretendo falar. Falarei das lamúrias ouvidas na arquibancada…
Ao entrar no estádio, com 15 minutos de jogo, percebi que a torcida estava nervosa. O time errava e a torcida lamuriava… O Douglas não conseguia jogar e a torcida lamuriava… Adílson errava um passe e a torcida lamuriava… O Tcheco se virava no banco e a torcida lamuriava… Encurtando a história, houve gritos de “Tcheco, Tcheco”, vaias para Autuori e para o time ao final da partida, em meio a outras tantas lamúrias… E é aqui que pretendo me opor ao coro: Por que tantas lamúrias?
Analisemos alguns contestados atores do “espetáculo”:
- Adílson: jogou muito mal. Mas é um dos melhores da temporada. Sabe desarmar e jogar. Errou passes adoidado, mas o que é um jogo para dizer se o jogador é bom ou ruim? Ao contrário do que eu penso, uma senhora localizada atrás de mim proferiu: “Não larga a bola pro Adílson! Tem que tirar essa imundícia e botar o Tcheco!”
- Réver: entregou a rapadura. O gol do Vitória foi 60% dele, 30% do Marcelo e 10% do atacante (que quase errou). Mas é o melhor zagueiro em atividade no Brasil. Mas adivinha: havia pessoas o colocando em questão.
- Souza: não entrou em campo. Quando a galera parava de gritar “Tcheco, Tcheco”, um gaiato dizia: “Tem que tirar o Souza e botar o Tcheco”. Continuo achando que ele faz diferença em campo, é decisivo e só deveria falar menos…
- Tcheco: o personagem da noite! Jogou apenas pouco mais de 30 minutos, o que já vinha ocorrendo nas últimas partidas (mesmo quando estava em campo nos dois tempos jogava pouco demais). Sou fã do Tcheco! Acho que ele tem tudo para encerrar carreira no Grêmio, jogando bom futebol. No entanto, o Tcheco tem se arrastado em campo. Precisa ser mais competitivo. Há dias vinha sendo questionado por vários torcedores, mas, na hora em que fica no banco, aparecem inúmeras viúvas, lamuriando… Tcheco esquentou um pouco o banco e entrou com vontade que há dias eu não via. A evolução do Grêmio só ocorrerá se ele jogar o que sabe ou se der espaço para que o Douglas jogue (o que de fato não aconteceu).
- Autuori: errou ao trocar em tantas posições. O coletivo do Grêmio foi para o brejo e, com ele, as individualidades. Mas o que deveria ter sido feito? Modificar o time apenas fora, onde nunca se ganha? Ou não mudar nunca e manter a honrosa 9ª posição na tabela? Autuori estava correto ao mudar, apenas mudou demais. Mas e a fala do torcedor que disse na saída do estádio: “ah, o Roth era melhor!”? Deve ter vindo de alguém que não presenciou o vexame naquela semi-final de Gauchão contra o Juventude (quando ele inventou um de seus tantos times “mágicos”). Autuori é um dos melhores técnicos do Brasil. Ao contrário daquele que o sucedeu, é vitorioso. Há de se dar crédito a ele!
Para concluir, a Torcida: errou durante quase todo o jogo, foi bem apenas após o gol Gremista. A torcida do Grêmio deve apoiar e não enervar os jogadores. Deve dar crédito ao treinador em vez de ter saudade do Roth (que o Atlético o tenha). A torcida, de modo geral, deve se mirar naqueles que não param de vibrar (e que estavam no Olímpico e não pararam neste último jogo).
Quem gosta de lamúrias deveria considerar assistir aos jogos pelo Pay-per-View. A reclamação da torcida é fundamental para a evolução do time, mas não acho que este seja o momento. O trabalho é incipiente e pode render um Grêmio vitorioso.
Não sei se tu concordas com a minha posição… Mas não vejo ninguém da imprensa encarando este momento, que ainda considero de transição, com a devida normalidade. Acho que o Grêmio melhora ainda neste ano e conquista algo em 2010.
Um abraço,
Fabrício Eidelwein”.
Ainda que possa discordar de algumas posições, Fabrício, deve reconhecer a tua ótima argumentação. Mas concordo, sim, que a hora é de os gremistas se solidarizarem com o time. Vaias e lamúrias em nada ajudarão. Esmo assim, como exigir aplausos de quem está com a sua paixão lesada? A tua idealizada proposta pode não ser tão simples assim de ser executada, Fabrício. Abração.
Postado por Wianey
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