Faz tempo que o futebol está submetido aos ditames financeiros. Datas e horários dos jogos não consideram a conveniência do consumidor mas obedecem aos interesses da televisão, empresários decidem o momento em que os jogadores devem deixar os seus clubes e os patrocinadores alteram, até mesmo, as cores tradicionais das instituições.
Não gosto do que está acontecendo, mas admito que o futebol se tornaria inviável sem o aporte de recursos que chegam destas fontes de financiamento. Deve ser o único espetáculo que não se mantém pela bilheteria. Qualquer outra modalidade de lazer se paga e gera lucros pelo que é arrecadado com a venda de ingressos. Algumas promoções culturais recebem incentivos fiscais, mas são poucas. O futebol não é auto-sustentável, esta é a verdade que tudo justifica. O torcedor vai aceitando a situação, embora sob protestos. É o que faz o torcenauta cujo e-mail reproduzimos a seguir:
“Não vou ao estádio hoje!
Estou eu aqui, na frente do computador lendo noticias. Li no inicio da edição de hoje do ZH, a matéria sobre o caso do menino de Viamão. Que depois de pichar uma parede recém pintada, foi obrigado pela professora a repintá-la. O motivo que levou o guri a pichar é simples. Todo mundo picha e não dá nada, além disso, os pais dele nunca devem ter dito pra ele que não devia pichar.
Tenho opinião sobre o fato: Sou simpatizante da professora. Apesar do pouco excesso, ainda assim simpatizo com ela…
Continuei lendo o ZH, página depois de página, e no caderno de esportes vi que meu time vai jogar de camisa dourada hoje!
Não é meu time que vai jogar! Esse time que vai entrar em campo hoje é o time dos marqueteiros. O meu joga de vermelho, no máximo de branco.
Por isso, e só por isso, não vou ao estádio hoje! Meu time não vai jogar. Não me interessa discutir o porquê de os jogadores do Inter vestirem camisa que não é do meu time… Pra mim o Inter não joga hoje!
Minha atitude deve ser uma perfeita tosquisse pra muitos, mas eu não tenho nenhuma vontade de ver um time dourado com o símbolo do meu colorado.
Os marqueteiros que transformam tudo em coisa natural, que fazem da cultura e da educação uma coisa banal, um negócio, e acabam empastelando a cabeça das gerações, agora atacam no meu time!!!
Daqui a pouco vou ver o meu ídolo; símbolo do meu romantismo arcaico; o Guiñazu, jogando com a camisa 54, ou quem sabe com a 93…
Definitivamente meu time não joga hoje. Pode ser forte, pode ser uma perfeita imbecilidade de minha parte. Mas pra mim é isso. Quando tudo se parece normal, é o momento de repensar algumas coisas. Meu time é vermelho e branco, e não tem outra cor. Não interessa se é bonita essa nova cor, quente ou fria, não importa!
O meu Inter é vermelho!
Luis Aguiar
Colorado”.
Embora não lhe faltem motivos para a decisão tomada, o Luís está radicalizando. Ainda que lhe incomode ver o Inter vestindo dourado, o que importa é que o clube estará representado pelo time que entrar em campo, esta noite. É o Inter que vai jogar. Se vestirá dourado, fúcsia, lilás ou outra cor qualquer, ainda assim é o Inter. Acho que o torcedor colorado só não deveria aceitar que as camisetas fossem cor-de-rosa ou azul, por motivos óbvios. Fora disso, é o Inter que estará em campo. Mesmo que seja difícil de ser identificado pelo dourado da camiseta.
Postado por Wianey
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