
Esta moda está pegando. Em São Paulo, a Câmara de Vereadores aprovou lei que determina 23h15min como horário limite para o encerramento dos jogos de futebol. Ontem, em Porto Alegre, o vereador Haroldo de Souza entrou com projeto de lei em tudo igual ao que foi aprovado em São Paulo. Aqui, também, os jogos de futebol e outras modalidades esportivas realizadas em ginásios esportivos terão que terminar no mesmo horário.
As razões paulistas e gaúchas se repetem: segurança do torcedor, preservação do descanso e do patrimônio público, etc.
Não gosto do horário tardio dos jogos mas entendo as causas que levaram ao quadro de horários atual.
No meu caso pessoal, diferente do torcedor, não tenho opção. Trabalho no ramo e não posso decidir, simplesmente, que não vou assistir um jogo porque é muito tarde. O torcedor pode ignorar o evento e ir dormir. Futebol é lazer, não é produto de primeira necessidade.
Não gosto, entretanto, de ver políticos se metendo em assuntos esportivos. Quando acontece, quase sempre, o único objetivo é embarcar de carona na notoriedade que o futebol dá. Mas, vá, político é assim no Brasil e no resto do mundo. O que me incomoda são os argumentos fajutos:
DESCANSO DO TORCEDOR: Ora, quem quiser, vai ao estádio. Quem não puder, não vai. É simples. Se os estádios ficarem vazios por culpa dos horários, azar dos clubes. Não é, entretanto, o que acontece.
SEGURANÇA DO TORCEDOR: Outra falácia. A maioria dos atentados se dá em jogos diurnos. Aconteceu em São Paulo, recentemente. Aqui em Porto Alegre já deram tiro na cabeça de torcedor após jogo, soltaram bombas após jogos dominicais, realizados sob o sol. Acho, até, que a violência nos jogos noturnos é menor.
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO: Esta não dá nem para considerar. Os casos mais freqüentes de vandalismo e depredação são contra os ônibus e isto acontece com jogo começando às 20hs ou meia noite, não importa.
Se estão tão preocupados com a segurança das pessoas, então façam como na maioria dos países europeus: às 22 horas, fecha tudo. Quer dizer, quase tudo pois na Europa o futebol não tem horário para ser jogado. Se for uma preocupação sincera com a segurança do povo, proponham que em Porto Alegre cesse a vida noturna após às 22 horas. Desaparecerão os bêbados dirigindo, matando e morrendo, assaltos a transeuntes, etc.
Muito mais haveria para se dizer sobre mais esta intromissão que acontece no futebol. Está ficando ridículo. No Rio de Janeiro, marcaram horário limite para o início dos jogos. Em São Paulo e, agora, em Porto Alegre, estipulam horário para o encerramento dos jogos. Ainda na Capital gaúcha, se chegou ao disparate de determinar temperatura máxima para as disputas. Daqui há pouco, vão determinar toque de recolher às 21 horas.
Existem coisas muito mais importantes para serem tratadas nos legislativos. E deixem que o futebol se arruma sozinho. Aliás, o futebol é o único segmento que funciona bem, neste país. Menos em uma área: as bilheterias. É o único espetáculo que não se paga pelas bilheterias. Se não houver mil outras receitas paralelas, a televisão é a mais importante, o futebol brasileiro já teria acabado. Esta é a realidade. O resto é demagogia oportunista.
Me perdoem se minha posição não é simpática. Garanto, entretanto, que é realista.
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