Wianey Carlet

O tenente-coronel Newton Ramlow, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento do Estádio da Ressacada, local do jogo entre Avaí e Grêmio, alertou:

- A Mancha Azul (torcida organizada do Avaí) é muito perigosa. Estamos em alerta total.

Não é uma palavra gremista, mas do oficial que comandará a segurança aos torcedores no jogo de amanhã à noite. Ele é da aldeia, conhece a indiada. É neste ponto que se destaca a irresponsabilidade do presidente do Avaí, com as suas declarações belicosas e ameaçadoras, contra Silas e o próprio Grêmio. Um dirigente é, sempre, um líder da sua comunidade de torcedores. O que ele fala é lei para a parcela mais radical da torcida.

Enquanto estiver atuando na imprensa esportiva, combaterei, sempre, os línguas de trapo, que em vez de incentivarem a paz nas arquibancadas, estimulam a guerra entre as torcidas. Abaixo os incendiários, estejam aonde estiverem. A Justiça Desportiva deveria punir, severamente, quem usa microfones para incrementar a violência. Infelizmente, os procuradores dos tribunais se omitem, não denunciam os predadores dos bons costumes. Se eu fosse procurador do TJD ou STJD, enquadraria todos que contribuem para perturbar o futebol, dentro e fora do campo. Todo o rigor da lei para quem estimula a violência.

Foto: Cristiano Estrela, BD

O Internacional pós Mundial de Clubes deixou de ser um clube de futebol popular. Está transformado em uma sociedade secreta que esconde atrás dos muros misteriosos que ninguém consegue decifrar. Seus dirigentes vestiram-se de sacerdotes que, na intimidade dos seus rituais, expedem ordens em envelopes lacrados e o conhecimento dos conteúdos é prerrogativa do poucos privilegiados.

O Inter era o clube dos colorados até 2006. Depois, pouco a pouco, os guardiães do templo foram se apropriando de tudo e hoje pouco ou quase nada se sabe do que acontece intramuros. O time é propriedade do treinador e dos dirigentes. Ninguém sabe como é preparado. Nos dias de jogos, repetem-se as precariedades que não são corrigidas. Zagueiros que jogam em linha, alas que não recebem cobertura, volantes que vagueiam em campo, meias que, às vezes, parecem ponteiros e atacantes que, quase sempre, encarnam membros separados do corpo. Jogadas de aproximações não existem. Cobranças de faltas ensaiadas não existem. Escanteios combinados não existem. O time não existe, escalação definitiva não existe e esquema tático menos ainda. 

O que acontecerá por trás dos portões fechados do Beira-Rio? Mistério. Ninguém pode ver. Os donos do clube e da verdade devem saber os motivos pelos quais o time, depois de quatro meses, ainda não existe. Mas, eles não contam para ninguém. Vez em quando, mandam um porta-voz truculento rosnar e mostrar os dentes afiados para a imprensa. Até esta triste figuram criaram. E a equipe, dentro do campo, segue sendo um arremedo que assusta os colorados.