A surpreendente entrevista de Celso Roth, ontem à noite, na qual elogia Vilson Mathias, coloca restrições às atuações de D’Alessandro e Oscar e quase confirmou que o garoto irá para a reserva quando o adversário for forte e o jogo fora de casa, colocou os colorados em estado de alerta. Talvez não seja caso para pânico. É possível que Roth esteja, apenas, mandando um recado para os dois ótimos meias colorados: eles terão que encarar sacrifícios extras quando o adversário exigir. Resumindo: terão que marcar. O treinador não está errado. Diante de confrontos difíceis, é temerário ter no meio-campo apenas dois jogadores com capacidade de contenção. Mas, sempre cabe uma perguntinha: se, nestas ocasiões Roth preferir escalar três volantes, não seria mais conveniente escalar Oscar para cumprir a tarefa de Zé Roberto? Está claro que, se Oscar for sacado do time, a torcida colorada convocará as forças de coalizão da ONU para bombardear o Beira-Rio e derrubar o treinador.
A virada do Juventude, diante do Grêmio, contou com três fatores determinantes:
1 – O gol contra de Gilson, inexplicável
2 – A falha de Victor no terceiro gol
3 – O “desligamento” do time gremista
O Grêmio afrouxou a marcação quando Willian Magrão foi substituído. E o time estava sem o comando vigoroso de Fábio Rochemback, líder incontestável de campo. Além disso tudo, a equipe de Renato move-se impulsionada por um pensamento monopolista: avançar, atacar, ganhar. O Grêmio costuma oferecer espaços e folga para os adversários. Esta, parece ao blogueiro, é uma falha de concepção que submete o Grêmio a riscos, em todos os jogos. Querer ganhar é muito bom mas, antes é preciso saber não perder.
Desta vez, nem a vocação defensivista de Celso Roth resistiu ao talento do garoto Oscar. O treinador antecipou que o garoto estará no time, esta noite, ao lado de D´Alessandro. Está atendido o anseio das arquibancadas e premiada a qualidade. Seria uma heresia remeter Oscar para o banco de reservas.
Espera-se que o Jorge Wilstermann jogue no retrancado sistema 3-6-1. Será que o Inter aprendeu a lição deixada pelo jogo contra o São Luiz, quando o time colorado não conseguiu superar o esquema defensivo do adversário? A receita é antiga e, talvez, única: para abrir retrancas, o melhor caminho é pelas laterais. Sábado passado, Kleber, por indolência, e Nei, por limitação técnica, não conseguiram atender esta necessidade. Seria conveniente que Celso Roth orientasse os meias colorados a “desafunilar” suas manobras e abrir pelos flancos. Se o Inter não encontrar soluções adequadas para romper a retranca do Wilstermann, o jogo poderá se transformar em um inesperado drama.
Renato Portaluppi não informa, sequer, os jogadores convocados para cada partida. A escalação, então, nem pensar. Porém, para o jogo desta noite, contra o Juventude, o treinador gremista quase admite que Leandro estará entre os titulares. Estou subindo a Serra para comentar Grêmio e Juventude, pela Gaúcha. Levo comigo o desejo de que Leandro esteja relacionado entre os titulares. Embora não se deva desconsiderar a necessidade de cuidados com jovens emergentes, parece-me que Leandro está pronto para jogar. O fato de o jogo ser na casa do adversário passa a ser irrelevante depois do que Leandro fez, em Pelotas, domingo, quando entrou na partida e “virou” o jogo em favor do Grêmio. Quem não se assustou com a Boca do Lobo, não tremerá no Alfredo Jaconi.
Selecionei, entre muitos adjetivos, aquele que foi mais repetido nas referências dedicadas a Rudi Armin Petry, nas últimas horas: ele foi um exemplo. Pura verdade. Seu Petry distribuiu lições de cordialidade, inteligência, amor ao seu clube sem ódio ao rival, dedicação e, principalmente, respeito. Ninguém, mais do que ele, exercitou o respeito pelas pessoas e instituições. Não deve surpreender que Fernando Carvalho tenha chorado ao saber da sua morte. O dirigente colorado apresenta o perfil que mais se aproxima de Petry, seu proclamado ídolo, embora adversário esportivo. Se o Seu Petry foi um exemplo, que seja seguido. Se acontecesse, haveria mais paz e civilidade no futebol gaúcho.
Telefonei para o presidente Giovanni Luigi, esta manhã, querendo saber se alguma empreiteira já havia manifestado interesse em fazer a remodelação do Beira-Rio. Sabe-se que o Inter ofereceu um prazo de 15 dias, a partir da última reunião do Conselho Deliberativo, para que as empresas de construção civil manifestassem interesse na empreitada. Disse-me Luigi que ainda não surgiu nenhuma inscrição, mas está convencido que as manifestações de interesse ocorrerão nos últimos dias. E se não aparecer nenhuma, a Andrade-Gutierrez será, automaticamente, a contratada para as obras? Não, afirmou-me o presidente do Inter. Até esta empreiteira terá que reiterar a sua disposição de fazer o trabalho. Se não aparecer nenhum interessado? Esta pergunta não fiz ao dirigente colorado por uma razão singela: se isto acontecer, terá que ser com recursos próprios. Mas, repito, Luigi não acredita nesta possibilidade.
O Grêmio joga no Alfredo Jaconi, amanhã, com ou sem Leandro? Sobre o aproveitamento de garotos, temos uma cultura que difere de outros centros. Em Porto Alegre, somos mais cuidadosos ou medrosos na hora de lançar um talento emergente. Em outros lugares, se o moleque é bom de bola, vai para o campo e joga. É preciso, claro, avaliar o grau de maturidade do jovem antes de derrubar sobre ele as responsabilidades do profissionalismo. Mas será que TODOS os meninos que despontam como auspiciosos projetos de grandes jogadores, no Rio Grande do Sul, revelam traços de imaturidade? Sim, porque a história é sempre a mesma. Leandro, por exemplo, já ofereceu boas demonstrações de que está pronto para ser titular.
Ainda que se reconheça em Kleber qualidades técnicas singulares, é preciso considerar que um jogador vale pela sua média de produtividade. E neste quesito essencial, o lateral-esquerdo do Inter anda devendo. Para cada boa atuação, são duas ou três, e até mais, performances insatisfatórias. Estas oscilações nada tem a ver com a qualificação de Kleber mas, sim, com o seu temperamento. De tal forma se acentua e destaca a sua indolência que, como sábado passado, até parece que está em campo contrariado. Que apreciaria mais estar a margem de um rio perseguindo carpas e jundiás.
Na lateral-direita, o problema se repete, mas por razões distintas. Nei é um esforçado, dotado de grande capacidade física. Mas desperdiça todas estas aptidões naturais quando avança sobre o campo adversário. É raro, muito raro, acontecer um cruzamento de qualidade ou uma jogada bem combinada e executada com alguém do meio. Nei gasta um tanque de petróleo para acender uma lamparina.
O Inter precisaria qualificar as suas laterais. Uma boa “sombra” poderia estimular Kleber a aumentar a sua taxa de dedicação. No caso de Nei, um bom reserva poderia se transformar em uma necessária solução.
O Grêmio quer, está tentando revalidar o empréstimo de Gabriel, mas terá que ultrapassar muitas dificuldades para alcançar o seu objetivo. Enquanto isso, Gabriel despencou. Cochila em algum canto do Olímpico o ótimo lateral que vinha sendo um dos principais armadores do time. Hoje, os passes errados viraram rotina. A valiosa contribuição que, até algumas semanas atrás, saíam da lateral-direita, estão sumidas. E Mário Fernandes, sempre que joga, acrescenta qualidade à lateral. Outra diferença favorece o zagueiro-lateral: é jogador do Grêmio, patrimônio do clube. Não seria boia política valorizá-lo, também por isso? Neste momento, se impõe a discussão: Gabriel ou Mário Fernandes, quem deve jogar? Este blogueiro, claro, votaria em Mário Fernandes.
Torcenauta destaca duas manifestações pós jogo de sábado, entre Inter e São Luiz, quando D´Alessandro expressou desconforto com a atitude do time e Kleber preferiu recriminar a torcida. A seguir, a mensagem do torcenauta:
“Boa tarde, Wianey,
Meu nome é Airton, resido na cidade de Birigui-SP, sou colorado e acompanho sempre que eu posso sua coluna e tambem as reportagens de Zero Hora.
Hoje estava vendo a reportagem abaixo:
D’Alessandro esbraveja: “Não estamos trabalhando quando temos de trabalhar”, publicado em 26/03/11 – 18:14 hrs
Vendo os comentários de D’Alessandro e ele dizendo que o Inter não pode se conformar em perder mais pontos em casa pelo gauchão, comparei com o comentário seguinte do Kleber em que diz não concordar com D’Alessandro e reclamou da postura da torcida.
Penso da seguinte maneira: Kleber recebe um alto salário para produzir, o que ele não tem feito muito ultimamente, pois se fosse receber por produção talvez devesse receber somente 40 ou 50% do que recebe atualmente, e não tem que reclamar de postura da torcida e sim apenas jogar bola.
Acho que hoje essa é a principal diferença dos jogadores argentinos e brasileiros, a garra, a vontade de vencer, doar sangue, reconhecer que somente com muito trabalho é que se vence, e não com supostas explicações (ou seriam desculpas).
Hoje os jogadores argentinos são muito mais valorizados na Europa pois o jogador brasileiro é muito mascarado, já começa nas categorias de base querendo se transferir para a Europa em troca de um bom contrato, e não para jogar bola.
Os europeus sabem que a maioria dos jogadores brasileiros são apostas que nem sempre darão certo.
Vejo o exemplo de Leandro Damião e me pergunto: será que ele estaria hoje na Seleção Brasileira se tivesse passado por categorias de base e “sido formado segundo os padrões de jogar bola”. O que falta para o jogador brasileiro em muitos casos é vergonha na cara e vontade de trabalhar mais.
Assim teremos novamente grandes jogadores que não passam de meras promessas nas seleções sub 15, sub 17, sub 20 e outras mais.
É isso aí D’Alessandro, é por isso que vc é admirado por onde passa, porque trabalha mais do que fala.
Airton Bottin
Birigui-SP”.
Grêmio e Pelotas foi mais um jogo eletrizante deste Gauchão. O Pelotas jogou para ganhar, o Grêmio entrou para ganhar e no fim a vitória foi de quem viu a partida. Rodolfo foi importante para o Grêmio e para o Pelotas. Marcou um gol, participou de outro e falhou no gol do Pelotas. As dificuldades do Grêmio diminuíram quando, no segundo tempo, Renato substituiu Escudero por Leandro. Em Pelotas, o Grêmio assumiu a liderança geral do Gauchão. E já está na final.
Quando um garoto entra em um jogo encardido, como são todos os jogos na Boca do Lobo, não se assusta e leva o seu time a um crescimento que resulta em vitória, merece todas as apostas e investimentos. Leandro, que Renato estava guardando, pertence a esta categoria de emergentes. Ele é rápido, driblador e objetivo. Está nascendo um grande atacante.
Faltou o gol, sempre importante para um centroavante, mas mesmo assim Leandro Damião teve uma estreia da Seleção Brasileira positiva. Quatro vezes a bola foi cruzada para a área da Escócia e nas quatro Damião se impôs. Na primeira, acertou o travessão, de raspão. A camisa do time brasileiro não pesou. Se a Seleção não tivesse desaprendido a jogar com centroavante de área, poderia ter produzido ainda mais. Será convocado outras vezes, certamente. A vitória brasileira contra a Escócia foi decorrência da qualidade superior e Neymar se destacou como o craque do jogo. Só foi reprovado pelos escoceses quando tentou simular uma agressão que não sofreu.
O que fará Leandro Damião se for escalado para enfrentar a Escócia? Este garoto é um caso especial de jogador que se tornou profissional sob precário aprendizado de fundamentos. Rapidamente, migrou do amadorismo para o profissionalismo e, em poucos meses, transformou-se em um artilheiro respeitado. Quem o ensinou e aonde aprendeu a se colocar entre os zagueiros e a cabecear com a precisão e força que marcam a maioria dos seus gols? Leandro é produto dele mesmo. Seus talentos são naturais e espontâneos. Lembra Dario “Peito de aço”, que era incapaz de fazer três embaixadinhas mas era mestre em colocar a bola nas redes adversárias. Além das suas virtudes naturais, Leandro Damião é movido por um desejo de incalculável valor: o desejo de vencer. Nada o abala nem desestimula. O gol perdido é apenas motivação para buscar a devida compensação. Mano Menezes percebeu em Leandro Damião as potencialidades que poderão levá-lo a se transformar em um grande centroavante, reconhecido, quem sabe, mundialmente. Brasil e Escócia começa às 10h deste domingo.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista.
Wianey por Rosane:
"Ele é o multimídia incansável. Trabalha sete dias por semana e briga com tanta convicção por suas ideias que eu não sei de onde tira tanta energia."
Wianey por David:
"Quando o Wianey chega agitado aqui, no Esporte da Zero, a gente já sabe: a coluna dele vai provocar jogadores, técnicos, torcedores, juízes, todo mundo. O problema é que o Wianey chega todos os dias agitado aqui, no Esporte da Zero."
Wianey por Sant'Ana:
"Wianey Carlet, o Torquemada dos treinadores."
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