Na quinta-feira passada, Ricardo Teixeira declarou, na Suiça, que a FIFA não autorizaria a antecipação da janela de agosto. Ou estava tentando valorizar sua intervenção no assunto ou apenas dava destaque, mais uma vez, a sua natureza prepotente. Ontem, a FIFA liberou a mudança do período antes estipulado e, certamente, a janela irá de 15 de junho até 15 de julho. Sendo assim, Miralles e Gilberto Silva poderão jogar dentro de duas semanas. É uma possibilidade remota, impõe-se dizer, pois o atacante terá que se recuperar da lesão muscular e passar por uma reciclagem física. Gilberto Silva já declarou que gostaria de desfrutar férias, uma vez que vem do encerramento de uma temporada. Além disso, precisará readaptar-se a preparação física brasileira. Mas, de qualquer maneira, os reforços estão autorizados pela FIFA a entrar em campo no mês que está iniciando.
Nando Gross abriu espaço para a torcida colorada no seu programa Hoje nos Esportes, 18h, segunda-feira. Perguntou se concordavam com o treinador de que o Inter sem qualificar o grupo, não poderia vencer o Brasileirão ou pensavam diferente. Em menos de 40 minutos, quase 900 colorados responderam às questões propostas. Resultado: 83% apoiaram Falcão e apenas 17% rejeitaram sua posição. Em proporção semelhante, torcenautas colorados escrevem se solidarizando com o diagnóstico de Falcão. Minoria inexpressiva acredita que o atual time pode ganhar o título. Mas, mesmo estes, repudiam, ideologicamente, que se critique o Inter, sem discutir o mérito do debate.
A obviedade lateja no imaginário do torcedor colorado: D´Alessandro e Oscar formariam a melhor dupla de meias-armadores, possível de ser formada, no Beira-Rio. Será que Falcão não enxerga esta solução que está caindo de madura? É claro que o treinador vê o que todos vêem, mas sabe que não deve adotar esta solução por uma razão singela: como a sua defesa é muito vulnerável e os volantes têm qualificação média, ele precisa escalar Bolatti, Tinga e Guiñazu para tentar dar à sua linha defensiva um mínimo de proteção. Se não o fizer, o time vai sofrer gols em grande escala. Mas, por efeito, a presença do trio defensivo no meio-campo enfraquece o setor de armação ofensiva. Acaba estourando no ataque. É por esta razão que Falcão tem preferido escalar Andrezinho no lugar de um dos volantes. Embora seja apenas um bom jogador, Andrezinho contribui na marcação e ainda oferece alguma ajuda para D´Alessandro nas tarefas de armação. Como Andrezinho está machucado, o time piorou. Falcão está diante de uma sinuca de bico: se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Se fortalece a armação ofensiva, fragiliza o setor defensivo e vice-versa. Não tem saída.
O Inter já teve o melhor time da América do Sul, do Mundo e o melhor elenco do Brasil. Tudo isso existiu, mas no passado. Atualmente, o colorado não tem equipe, falta-lhe grupo e não assiste nenhuma esperança de grande título para a sua torcida. As provas:
Goleiro – Existem peças razoáveis para esta posição. Nada além disso.
Lateral-direita – Não tem, simplesmente, nenhum jogador apto para ser titular.
Zaga-direita – Bolívar, desde o ano passado, não corresponde. Continua jogando por força da sua liderança. Nada mais.
Zaga-esquerda – Poderia ser Juan, mas o garoto tem compromisso com a CBF. Não adianta escalá-lo agora e perdê-lo, em seguida. Rodrigo é insatisfatório.
Lateral-esquerda – Kleber joga quando quer, vez em quando. Como é o melhor articulador do time, impõe a sua lentidão. Enquanto estiver no Beira-Rio, o Inter não terá explosão e velocidade, pela esquerda.
Volante – Falando sério? Não existe. Bolatti parecia ser o volante que a equipe precisava. É lento, marca mal e pouco dedicado. Não serve.
Segundo-volante – Tinga envelheceu. É esforçado, mas falta-lhe energia. Passou. Guiñazú ainda é o mais dinâmico meio-campista do Inter. Mas, não tem disciplina tática. Dos três volantes, é o único que ainda merece ser titular.
Armador – D´Alessandro é o único jogador da função. Sozinho, entretanto, não consegue abastecer o ataque como seria necessário. Quando não está bem, o Inter não tem articulação ofensiva.
Ataque – Leandro Damião já provou que é um bom centroavante. Porém, Zé Roberto não é do ramo. Damião não tem parceiro.
Qualquer avaliação técnica baseada em razoável rigor de exigência indica que o Inter, para compor uma equipe capaz de disputar grandes títulos, com boas possibilidades, não teria mais do que três ou quatro titulares. Falta, portanto, quase um time inteiro.
O Grêmio recuperou os pontos perdidos na estréia, contra o Corinthians. Perdeu em casa, mas ontem ganhou fora. De Curitiba, trouxe uma vitória pragmática. Fez um a zero na largada da etapa inicial, se impôs durante todo este período e, no segundo tempo, quando o Atlético voltou mais animado e dominador, resistiu como foi possível. O time de Renato teve uma atuação média cinco, mas venceu.
Como em muitos outros momentos, quando o time se atrapalhou e jogou mal, Victor encarregou-se de garantir o resultado. O goleiro gremista fez, pelo menos, três ou quatro grandes defesas. Dividiu com Rochemback as honras de craque do jogo.
Na etapa final, o Grêmio abusou do direito de errar passes. Foram tantos que não sofrer gol foi quase um milagre.
O gol contra do zagueiro Rafael Santos foi uma trapalhadas que, dificilmente, encontrará similar até o fim do Brasileiro. Deu uma incompreensível atrasada de bola, sem que estivesse assediado por um único adversário.
O futebol gaúcho está revelando sua face iconoclasta e nada indica que poderá ser contida. Renato já vinha sendo questionado por gremistas e sábado chegou a vez de Falcão. No caso do Inter, penso que é chegada a hora da verdade. Engana-se quem atribui ao treinador a responsabilidade pelo mau futebol jogada pelo time. A culpa calça chuteiras e corre, muito pouco, pelo campo. O grande time colorado acabou, faz tempo. Mesmo a última Libertadores foi conquistada com gols surpreendentes e decisivos de Giuliano, no caso dos jogos. O título enganou muita gente, e como. Com esta equipe, o Inter não disputa título, dificilmente conseguirá vaga para a Libertadores e não surpreenderá se lutar para não desabar para a Segundona.
Roberto Siegmann acerta quando diz que o Inter melhorou atrás e piorou na frente. É o efeito do cobertor curto. Como a defesa é fraca, Falcão fixou um trio de meio-campistas mais vocacionado para a contenção e menos para a armação ofensiva. Fortaleceu a defesa e fragilizou o ataque. Se substituir qualquer um dos três: Guiñazu, Bolatti ou Tinga por Oscar, por exemplo, melhorará o ataque, mas voltará a sofrer muitos gols.
Quando este blogueiro, antes da decisão do Gauchão, pregou que o Inter era inferior ao Grêmio, estava comparando, mas, ao mesmo tempo, constatando a fraqueza do colorado. Tem muitos jogadores, no Beira-Rio, ganhando mais do que o seu talento justifica. É inaceitável o futebol jogado por um time de quase R$ 6 milhões por mês. Culpa dos jogadores? Claro que não. Responsabilidade de quem paga tanto, renova mal e, nos últimos tempos, contrata mal.
Em julho, pela Audi Cup, jogam Barcelona e Inter. Credo!!!
É do dinamarquês Hans Cristhian Andersen o melhor conto que conheço, cujo final castiga a vaidade exagerada. Um rei, que trocava de roupa a todo o instante, foi ludibriado por um par de tecelões vigaristas. Conhecedores da vaidade real, fingiram tecer com fios de ouro, fornecidos pelo rei, um traje de padrão e cores lindíssimas. Sua majestade despiu-se e os malandros simularam estar vestindo o rei com a roupa que a todos era invisível. Para não demonstrar ignorância, o monarca deixou-se enganar e foi para um desfile. Quando apareceu, uma criança gritou:
- O rei está nu! O rei está nu!
E a plebe se desmanchou em gargalhadas.
Andersen quis mostrar, com seu conto, que as pessoas, cedo ou tarde, aparecem como realmente são. Desprotegidas de falsidades e artifícios, revelam, inteiramente, suas deformações morais. Neste momento, Ricardo Teixeira, vaidoso e autoritário presidente da CBF, está sendo apresentado, na Inglaterra, como um dirigente corrupto e nada escrupuloso. O cartola está quietinho, nada diz. Mas o mundo inteiro está vendo-o como, certamente, ele é. Até, pelo menos, que prove o contrário, Ricardo Teixeira está nu.
D’Alessandro discutiu com Juan e foi expulso do treinamento por Falcão? Nenhuma novidade. O argentino é o “esquentadinho” do Beira-Rio. Depois que inicia algum conflito, funciona como uma jamanta na ladeira e sem freios. Ninguém controla. É gente boa, segundo consenso entre profissionais e dirigentes. Mas, se não lhe encurtam as rédeas, acaba derrubando o treinador. Falcão agiu com presteza e oportunidade. Se não tomasse a providência que tomou, teria a sua autoridade questionada. Vai precisar, entretanto, do respaldo enérgico de Roberto Siegmann, que não faltará, se conheço bem o vice de futebol colorado.
O Grêmio não deseja mais ter Carlos Alberto sequer treinando entre os seus profissionais. O jogador, por seu lado, informa que não aceita treinar separado (por que dizem “em separado”?). Estaria colocada uma situação de impasse? Ora, nenhuma. O Grêmio tem o dever de cumprir as suas obrigações trabalhistas com Carlos Alberto e tem o direito de oferecer ao jogador, para trabalhos individuais, qualquer dependência do clube. Carlos Alberto, segundo foi noticiado, recebe salários mensais de R$ 280 mil. Coitadinho. Ganhando uma miséria e tendo que treinar sozinho. Como o Grêmio é mau!
Em reunião presidida por Raul Regis de Freitas Lima, o Conselho Deliberativo do Grêmio derrubou para 20% a Cláusula de Barreira imposta nas eleições do próprio órgão e da direção executiva do clube. A decisão terá que ser apreciada, agora, por uma assembléia de associados.
A redução em 10% da cláusula aumenta o poder de participação dos sócios nas escolhas dos seus dirigentes. Por efeito da legislação anterior, quase 100% dos conselheiros atuais são situacionistas. A minúscula oposição não tem voz. É quase a reprodução do que acontece no Congresso Nacional e a imposição do rolo compressor do governo.
Certo ou errado, na opinião do blogueiro um equívoco histórico, o ex-presidente Lula não economizou esforços para fazer do Brasil o organizador do Mundial/14. Desde então, nosso país tem dado abundantes razões para arrependimentos. As obras de infra-estrutura não avançam, os aeroportos seguem obsoletos e não existem sinais de que irão melhorar e os estádios, alguns sequer saíram do papel. A única evolução que se percebe é nos custos, cada vez mais inflados. Para completar o desalentado quadro, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, caiu em desgraça na FIFA ao ser denunciado pelo presidente da Federação Inglesa de Futebol de ter cobrado propina para votar na Inglaterra para ser sede da Copa/2018. Diante de tantos problemas, os norte-americanos estariam detectando a possibilidade de a FIFA desistir do Brasil e buscar outra opção para 2014. Os Estados Unidos, desde já, colocam-se como candidatos para uma eventual mudança. Assim, Obama estaria se recuperando da derrota que lhe impôs Lula. Todo este noticiário pode ser meramente especulativo mas não dá para negar que faz sentido. Aliás, se a Copa/14 fosse para os EUA, seria uma graça a ser comemorada pelos brasileiros que não têm escola para seus filhos, assistência para a sua saúde, segurança para viver em paz, casa para morar, etc. O Brasil se livraria de um pepino de R$ 25 bilhões, custo estimado para sediar o Mundial.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista.
Wianey por Rosane:
"Ele é o multimídia incansável. Trabalha sete dias por semana e briga com tanta convicção por suas ideias que eu não sei de onde tira tanta energia."
Wianey por David:
"Quando o Wianey chega agitado aqui, no Esporte da Zero, a gente já sabe: a coluna dele vai provocar jogadores, técnicos, torcedores, juízes, todo mundo. O problema é que o Wianey chega todos os dias agitado aqui, no Esporte da Zero."
Wianey por Sant'Ana:
"Wianey Carlet, o Torquemada dos treinadores."
Comentários