Wianey Carlet

É possível, sim, questionar algumas escolhas de Mano Menezes, mas não está na escalação a principal causa das atuações insatisfatórias da Seleção Brasileira. Se a armação do time ainda carece da presença de Ganso, no ataque estão os mais festejados atacantes brasileiros. Entre eles, Neymar, de presença tão reclamada na Copa da África do Sul. O craque santista não conseguiu, ainda, confirmar com a camiseta amarela as virtudes que têm apresentado no Santos. A causa, certamente, está nos adversários. O futebol brasileiro não conta mais com grandes equipes. Poucos grandes jogadores estão polvilhados entre os clubes do país. Assim, diante de rivais frágeis, Neymar se destaca. Mas, quando precisa enfrentar seleções estrangeiras, o jovem atacante não tem conseguido superar as dificuldades de marcação. Ainda resta bom caminho para Neymar percorrer e aprender a enfrentar adversidades. Só conseguirá, jogando.

Embora se diga que farta disponibilidade de jogadores qualificados é “bom problema” para o treinador, na prática esta situação mais atrapalha do que ajuda. Vejam o caso de Renato: tem Gabriel, excelente, e Mário Fernandes, maior afirmação técnica do time, para a lateral-direita. Para escalar os dois, o treinador teria que deslocar Mário Fernandes para a zaga central, onde está Wilson, zagueiro da mais absoluta confiança de Renato. Como Gabriel deverá ser reconduzido à condição de titular, o que fará Renato para não cometer a injustiça de remeter Mário Fernandes para a reserva? Estes são problemas próprios de um elenco desequilibrado. Enquanto sobram jogadores para o lado direito da defesa, a esquerda está carente de qualidade. Será que Mário Fernandes se adaptaria à zaga esquerda? Só existe uma maneira de saber: escalando o garoto nesta posição.

Leandro Damião está fora da Copa América. Perdeu a vaga para Fred, em má fase mas escolhido por Mano Menezes por ser mais experiente do que o atacante colorado. O treinador justificou a escolha lembrando que a Seleção tem muitos jovens, precisava agregar um pouco mais de experiência. De certa forma, Mano repete o discurso de Renato Portaluppi, quando pediu que a direção do Grêmio contratasse jogadores experientes, “cascudos” na linguagem de Renato. A preterição de Leandro Damião favorece Falcão mas impede valorização extra do centroavante. O Inter tem oferta de 15 milhões de euros, feita pelo Totenham. Talvez devesse refletir um pouco mais antes de recusar a proposta.