E-mail enviado por um colorado que ama o seu clube mas não perde a racionalidade por força da paixão:
“Olá, caro Wianey, volto a escrever para ti, para declarar minha decepção com notícias ouvidas e críticas externadas sobre a atual situação do meu S.C. Internacional, desta vez um pouco mais cedo do que da última vez – quando publicaste minha reclamação, em 10 de maio do corrente. Naquela época, escrevi um desabafo sobre a torcida colorada que criticava, insistentemente, o técnico Paulo Roberto Falcão. O mês era outro, mas o cenário era parecido, senão idêntico.
Falcão era chamado de “técnico tapa furo”, “genérico”, amador. Detalhe que estávamos em meio à decisão do Gauchão, e a torcida colorada “mal acostumada”, duvidava do time, da comissão técnica, de tudo. Passou-se uma semana e o que se viu foi o que tu mesmo descreveste como “A maior decisão deste século”. O Inter, do criticado Paulo Roberto Falcão, foi ao estádio Olímpico e tomou das mãos do Grêmio uma taça que já era dada como certa ao time tricolor.
As críticas cessaram, não, elas aguardaram. Passadas algumas semanas, aí estão elas de novo. Com um começo decepcionante no Brasileiro, as críticas novamente recaem sobre o trabalho do técnico Paulo Roberto Falcão. Já se cogita, inclusive, sua queda, dependendo do resultado do jogo em Curitiba. É ai, novamente, que reside minha indignação.
Como torcedor, admito que não estou feliz, muito menos empolgado com o começo do Brasileirão, mas não vejo que a troca de comando possa modificar o atual cenário, principalmente, por que outros 4 técnicos já passaram pelo clube anteriormente e os “problemas” foram sempre os mesmos.
Questiono: é culpa do técnico que Kleber não seja participativo, que se esconda do jogo? É do comandante a culpa pela sucessivas falhas do goleiro Renan? É dele a culpa das inconstantes atuações de Bolivar e Nei? Alguns me dirão, é culpa dele porque é ele quem escala. Poderia concordar com isso, se eu acreditasse que o futebol, comercial como é hoje, é diferente. Infelizmente, por vezes, não é o técnico quem escala o time, ou uma ou outra peça, mas sim o fator financeiro.
Paga-se 300 mil para que Kleber jogue. Quem investiu nele, não vai aceitar ele no banco, não seria um investimento viável. O mesmo ocorre com Renan, com Bolivar, com D’alessandro.
“Há muito mais entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia.”
Fico triste que grande parte da torcida aceite esse tipo de raciocínio. Vamos permanecer trocando de técnicos e teremos por muito tempo – enquanto uma renovação não for instituída pela Direção – os mesmos e sintomáticos problemas.
Posso parecer um defensivista de Falcão, e talvez eu seja, mas eu defendi também a permanência de Roth, de Tite, de Fossati. Atualmente vejo que, com Falcão no comando, o Inter poderia mudar sua atual “cultura”, tornando-se um time mais dinâmico e mais coeso, mais “britânico”. O time já vem demonstrando alguns aspectos novos, mais
finalizações, meias batendo em direção ao gol. Ainda falta a “compactação, a “alegria”, mas entendo que ela virá, com o tempo, com uma mudança de conceitos, com uma carta branca ao Falcão para
trabalhar.
Imagino como seria o Manchester United se, ao longo dos anos e das crises, tivesse dispensado Sir. Alex Fergusson. Teriam se tornado a força que se tornaram? Eu duvido. Troca-se o time, mas não se mexe no Comandante, pelo menos é assim que penso.
Espero realmente que o time vença no Couto Pereira e que Falcão prossiga no comando técnico, pois, se ele cair, estará dado o alvará de soltura aos jogadores. Se derrubarem Falcão, o grande Falcão, poderão derrubar qualquer um.
Abraços.
Douglas Poletto”.
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