
Desabafo de um gremista:
“Bah, caro amigo, Wianey, dadas as circunstâncias que norteiam ao Grêmio e sua dramática situação, desde pelo menos 2001, não sei mais o que pensar, o que escrever, tampouco o que fazer, a fim de REERGUER MEU GRÊMIO.
Estou tão decepcionado com a forma que dirigem e ACONSELHAM (conselho deliberativo) ao Grêmio, há mais de 10 anos, que coube a mim tentar compreender o que se passa usando de uma espécie de dialética pragmática entre paixão e razão.
Estou desesperançoso em relação ao “meu” Grêmio e com muito receio de novo rebaixamento.
Se quiseres postar tal sentimento, fique à vontade.
Vitor Ruschel
GRÊMIO: SER PASSIONAL OU RACIONAL?
Invariavelmente nós, torcedores, deparamo-nos com o rótulo de “passionais”. Somos passionais quando explicitamos nossa visão de um sistema de jogo; quando analisamos as razões de o Grêmio estar jogando tão mal (como atualmente); quando publicizamos nossa opinião sobre o desempenho de um jogador , especialmente quando vamos de encontro ao “senso comum”. Somos pois chamados de “torcedor”, de “espectador sem visão” ou simplesmente de “apaixonados”!Ou seja, por sermos “passionais”, não temos o direito de “pensar”!! Somos “reduzidos” a simples torcedores, como se esses pouco ou nada significassem ao Grêmio. Somos portanto desprovidos de um mínimo de “razão”, nossas críticas e ou sugestões; por conseguinte, jamais serão consideradas pelos “racionais gestores”!!
Acompanho ao Grêmio desde quando me tornei “gente” (talvez a partir dos 9 ou 10 anos comecei a perceber a grandeza do MAIOR CLUBE DO SUL DO BRASIL) .
Costumeiramente ouço de dirigentes, conselheiros e notórios gremistas que, visando exclusivamente a simplificar e ou a reduzir seus erros e equívocos, ao criticarmos um sistema de jogo ou ao trabalho de uma gestão, adjetivam-nos usando da seguinte “velha e surrada” expressão: “isso é coisa de torcedor”. Com a conotação, às vezes vil, de que não pensamos, não temos cérebro, por sermos “passionais”!
Os 10 (DEZ) anos de rotundos fracassos – nesse triste período ocorreu um rebaixamento para a segunda divisão (2004) – mostram claramente que a personalidade “racional” dos dirigentes e conselheiros não está trazendo resultados que vão ao encontro da grandeza do Grêmio, ou seja, não está sendo suficiente para organizar o maior clube do Sul do Brasil, de maneira que “racionalmente” o Grêmio volte a ser Campeão do Brasil; volte a ser grande!!
O momento “racional” agora é do tal “profissional”! Mas o que vem a ser o “profissional”? Com toda certeza, deverá ser um cidadão “isento” de cores clubísticas (como os jornalistas??), terá uma personalidade essencialmente “racional” e receberá a “contra-prestação” (salário ou direito de imagem? ) de seu comportamento e ou trabalho unicamente “racional”!
Pergunto: isso, por si só, bastará para que o Grêmio volte a ser o maior do Brasil ou da América do Sul?
Um clube como o grande Grêmio, cujo único propósito é o futebol – característica maior é a “paixão” e o amor, poderá ser eficazmente administrado sem “passionalidade”? Poderá o Grêmio abrir mão da espontaneidade e intensidade que o sentimento “paixão” desperta fazendo com que hajam ações decorrentes? Poderá desconsiderar o risco de “amar” que nos dá o ímpeto para as vitórias, para se tomarem as atitudes que levariam o clube a conquistas?
O Grêmio estará nessa onda de insucessos, nesse martírio de derrotas, por 10 (DEZ) anos, por sermos (torcedores e dirigentes) “passionais”? Por sermos “verdadeiros, inteiros e comprometidos”, pela paixão, com o NOSSO Grêmio? Óbvio que não, pois a característica predominante no atual Grêmio (desde 2001 pelo menos) é a “racionalidade”!!
O ideal, dizem os “racionais”, é se buscar o equilíbrio; estar no limiar entre a paixão e a razão. Mas o equilíbrio não será puramente “racional”?
Será que a grandeza do Grêmio não está exatamente nesse amor “descontrolado” que temos (torcedores e dirigentes) pelo clube Grêmio? Não estará em agirmos sem medo ou vergonha de errar, mas em agir de forma impetuosa, em ousar? Não estará na “coragem” de dizermos “bobagens” ou de simplesmente arriscarmos críticas, sugestões e ou análises quando falamos em Grêmio e queremos o melhor para o Grêmio?
Não serão esses mesmos gremistas (torcedores e dirigentes) “loucos e apaixonados”, os quais dão vida ao Grêmio, ao comprar cada um dos produtos licenciados, mesmo que não estejam em boa situação financeira, que fizeram dessa maravilhosa Instituição de Futebol a MAIOR DO SUL DO BRASIL?
Não serão esses mesmos gremistas (torcedores e dirigentes) “loucos e apaixonados” – PASSIONAIS – que ao comparecerem a todos os jogos, crendo sempre na vitória, mesmo diante de um time reconhecidamente superior, a RAZÃO maior para a grandeza do NOSSO Grêmio?
Tenho comigo uma única certeza: um gremista “passional”, sensível a ponto de chorar simplesmente por estar lembrando do jogo final de 1981, por pensar que, numa noite de dezembro de 1983, o seu Grêmio foi Campeão do Mundo, sempre estará numa relação “inteira e verdadeira” com a Instituição Grêmio; jamais se locupletará do clube; jamais usará a Instituição para qualquer projeto pessoal, por mais lícito que possa parecer.
Um gremista “verdadeiramente passional” terá tanto sentimento por seu Grêmio que dificilmente deixará de “planejar” um grupo de jogadores competitivos ou uma gestão onde cada função seja exercida por um sujeito que conheça a área, seja ele profissional ou “passional”.
Não quero com isso dizer que sou contrário ao “profissionalismo”. Sou a favor de um clube gerido por gremistas que se comprometam com o clube supervisionando profissionais (racionais) que sejam capazes para executar seus trabalhos, com ou sem remuneração!
A atual gestão elegeu-se prometendo “profissionalismo” e forte investimento no futebol (parceria é um braço do profissionalismo). Como resultado dessas promessas, temos um grupo desqualificado tecnicamente, um Gauchão e uma Libertadores jogados no LIXO e um Brasileirão escoando para o RALO.
Reflitamos então sobre que personalidades o Grêmio necessita para voltar a ser GRANDE, pois há mais de 10 (DEZ) anos os “racionais” vêm apequenando ao Grêmio e o desorganizando a ponto de, a cada Brasileirão, temermos ao REBAIXAMENTO.
Minha “passionalidade” diz: O GRÊMIO SEMPRE TERIA DE SER PROTAGONISTA!!
Antes de um gremista “racional”; antes de um profissional, o Grêmio necessita que haja COMPROMETIMENTO entre torcedores, sócios, dirigentes e conselheiros. Essa virtude decididamente hoje não existe!
Vitor Guilherme Ruschel
Sócio Passional Patrimonial
Matrícula 34646”.”

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