Wianey Carlet

Às vezes é preciso que alguém, fora da aldeia, alerte para a importância do óbvio. Por um traço bobo da rivalidade gaúcha entre Grêmio e Inter, sempre pareceu interessante aos gremistas de opinião diminuir a importância da Copa Sul-Americana.

A razão, claro, estava no fato de o Grêmio não estar disputando esta competição. Alegavam que ela não levava à Libertadores e, por isso, não tinha valor algum. Quando alguém lembrava que pó campeão da Sul-Americana disputa a Recopa e a Taça Suruga, devolviam dizendo tratar-se de um certame da segunda divisão da América do Sul e nada valia a Taça “Suruba”, expressão debochada para se referir ao torneio japonês.

O Grêmio, neste momento, já tem garantida a sua vaga para a Libertadores do ano que vem. Não precisa buscá-la tentando conquistar o título da Copa Sul-Americana. Mesmo assim, Vanderlei Luxemburgo insiste que é prioridade para o Grêmio festejar este título internacional. Este era o argumento usado por este blogueiro. Já não se escuta mais qualquer manifestação que deprecie a Sul-Americana.

Agora, todo o mundo quer festejar na Goethe. E é assim que deve ser.

Já escrevi e estou repetindo na minha coluna em ZH de amanhã, que no Brasil se ignora o crime se os meios para desvendá-lo não forem lícitos. Assim, um corrupto que, ao telefone, admita ter roubado alguns milhões dos cofres públicos, se safará se o grampo do seu telefone não tiver sido autorizado pela Justiça. É nesta linha que escreve o torcenauta Pedro Canabarro. O motivo, claro é a tentativa do Palmeiras em impugnar o seu jogo contra o Inter:

“Caro Wianey,

O que se passou sábado no Beira-Rio e após nas reações da imprensa e público em geral é um reflexo do que é a nossa sociedade, hoje. Alguém comete um crime, a autoridade incompetente não descobre, alguém dedura e daí o criminoso se enche de razão porque a prova conseguida não é válida. Os formulismos da lei servem para beneficiar o criminoso. A discussão aqui deveria ser sobre ética , sobre civilidade. Mas nossa sociedade prefere os formulismos que libertam assassinos, corruptos e demais. A imprensa prefere a polêmica, o circo em vez de expressar e defender posições éticas e que visem o bem comum. A discussão deveria ser sobre os interesses e a hereditariedade do STJD. A discussão deveria ser sobre o que seria justo e correto e não sobre quem é mais esperto e sabe mais de formulismos jurídicos. Nos enganamos, nos enchemos de esperança com o julgamento do mensalão . Os corruptos há muito sabem que usando os formulismos jurídicos as chances de irem, realmente, em cana são mínimas, quanto mais devolver o dinheiro. Aliás, este deveria ser o foco da discussão. Qualquer batedor de carteira sabe mais sobre direito que muito advogado. Viramos uma sociedade de calhordas jurídicos. Essa é que deveria ser a discussão. Enfim, abraços

Pedro Canabarro”.

Para o Internacional, os pontos que ganhou no jogo com o Palmeiras não alteram a sua vida no campeonato. Ser quinto ou sétimo colocado é a mesma coisa. Mas, se o jogo for anulado e o Palmeiras vencer, como ficarão aqueles clubes que estão disputando com o clube paulista o direito de continuar na Série A, ano que vem?